SANTIFICADO SEJA O TEU NOME

 

Sermão pelo Rev. Hugo Lj Odhner

Pai nosso que estás no céu santificado seja o Teu nome.


(Mateus 6;9)

                        A oração dominical nos foi dada para que conheçamos a maneira de orar aceita diante do trono de Deus. Ela nos ensina que o primeiro pedido, a primeira súplica que o Senhor quer que lhe façamos é que Seu nome seja santificado.

                        A oração dominical em nossa mente espiritual nos dá um último, uma base, uma expressão final pela qual podemos confirmar sua essência em nossa mente natural e, desse modo, imprimir em nossa vida a imagem e semelhança do reino de Deus.

                        É por esta razão que o Senhor nos ensinou a pedir, em primeiro lugar, que o Seu nome seja santificado, pois neste desejo está incluída toda a ordem da regeneração e do influxo celeste. Esse influxo tem sua origem no próprio Pai Celeste, é a corrente da vida que emana do Senhor. A oração dominical, sendo a imagem da ordem celeste, começa com a idéia do Pai Celeste e depois se desdobram as outras idéias concernentes a Deus, na ordem conhecida. Primeiramente é mencionado o Nome do Senhor, em seguida Seu Reino, depois Sua Vontade tanto no céu como na terra, depois ainda alude-se ao alimento celeste e, finalmente, solicita-se perdão para nossas faltas, o que implica o nascimento da caridade e a libertação do mal.

                        A primeira coisa que pedimos é que o nome do Senhor seja santificado. Esta é a essência de toda a prece, pois a prece é adoração e culto. Como a adoração e o culto são concordantes com a vida de cada um, consequentemente o Senhor, pelo influxo, nos ensina a viver ou receber Sua vida.

                        Que significa o nome do Pai Celeste que devemos santificar? Na Palavra encontramos muitas expressões tais como "implorar em nome do Senhor", "andar em Seu Nome", "pedir ao Pai em Seu Nome" e outras semelhantes. O Senhor disse, referindo-se a Jerusalém, que "faria Seu nome morar ali". Falou em "escrever Seu novo nome" sobre aqueles que serão salvos na Nova Jerusalém e em "pôr Seu nome" sobre os filhos de Israel. Proibiu aos homens "tomarem o Seu nome em vão". Deu aos apóstolos o poder de expulsar demônios e fazer milagres "em Seu nome". Vemos, assim, quão maravilhoso e santo é esse nome.

                        Maravilhoso, santo e onipotente! Lemos, no Velho Testamento, que o nome de Jehovah fazia com que as águas brotassem de uma rocha no deserto ou que as águas de um rio virassem sangue. Lemos, no Velho Testamento, que o nome de Jehovah feria de cegueira exércitos inteiros e modificava as horas do dia, movendo as sombras do relógio do sol. Esses tempos pertencem ao passado. Mas o nome de Jehovah não perdeu o seu valor. É verdade que já não opera por meio de representativos como antigamente, porque as aparências foram substituídas pela realidade.

                        O Humano Glorificado e Divino do Senhor é o mesmo Nome poderoso. A essência divinamente Humana do Senhor Deus é manifestada em Seu nome, naquele nome que, depois da glorificação tornou-se o nome de Deus, o nome que adoramos, o nome de Jesus cristo, o Senhor.

                        Quando orarmos, devemos pois entender pelo nome do Pai Celeste a qualidade do Divino Amor do Senhor. Quando voltamos nosso coração purificado para o Senhor pedindo Sua compaixão, Ele responde à nossa prece como um Homem Divino. Aparece diante de nós como o Mestre Divino, de quem emana todo o amor e toda a verdade, alimenta nosso espírito com o bem e veste com as vestimentas da verdade.

                        Todas as formas verdadeiras da vida humana são ecos da vida do Senhor. Ele não está longe de nós nem longe dos anjos. Está sempre presente na esfera do influxo que d'Ele procede. Faz Seu nome morar no anjo e no homem, estando presente em Sua verdade. É a essa verdade, administrada pelo Divino Humano do Senhor, que é dado todo o poder no céu e na terra. A lei da verdade emana d'Ele e quando essa lei é revelada em sua forma própria, quando é manifestada de maneira que possa ser intelectualmente sentida pela mente humana, então é chamada Palavra de Deus. A Palavra é o Senhor conosco, é o nome do Pai Celeste, de que ela dá testemunho.

                        O Senhor manifestou a santidade de Seu Nome quando apareceu a Moisés no monte Sinai, vestido de luz flamejante e fazendo ouvir Sua voz como o ribombo de trovão. Hoje nós O vemos revelado à nossa mente racional quando lemos, na Palavra, as coisas que Ele provê para nós; quando lemos a respeito do céu de usos e de bençãos a que Ele nos conduz; quando lemos a respeito da proteção que Ele nos dispensa incessantemente, para que não caiamos em tentações mais fortes do que podemos suportar; quando lemos a respeito da redenção que Ele realizou.

                        É assim que O vemos em Sua Palavra, onipotente e onipresente. É desse modo que vemos o Seu Nome, as Suas qualidades, reveladas pouco a pouco. E, quando se diz que devemos santificar o Seu Nome, isso significa que devemos abrir a mente para ver em todos os conhecimentos que recebermos a Sua Lei, os Seus Mandamentos.

                        O nome do Pai Celeste significa, em primeiro lugar, o Divino Humano. Uma verdade que sempre devemos ter em mente é esta: o Divino Humano é onipresente em todas as coisas da doutrina e da religião. Santificamos o nome do Senhor quando reverenciamos todas estas coisas. A atitude para com a Divina Verdade deve ser uma atitude de adoração e não uma atitude apenas de curiosidade. Deve ser uma atitude de humildade e de renúncia das falsidades e das opiniões e aparências próprias do nosso pensamento natural.

                        A Palavra é o nome de Deus para os homens na terra. Todas as coisas da Igreja são santas de acordo com sua participação na Palavra. Mais santa do que tudo, porém, é a Palavra em sua letra. Aí reside a plenitude da santidade, porque toda a plenitude da sabedoria e da vida celestial, espiritual e natural está contida nessa letra em sua forma final. Os homens geralmente não tem conhecimento disso. Entretanto, a santidade reside nos últimos, onde as coisas interiores estão reunidas em sua conexão e forma. Na Palavra estão concentradas todas as forças infinitas da salvação. Nela nada falta. O Senhor está nela encoberto como em Seu Santo Templo.

                        É claro que a prece que oferecemos ao Senhor, para que o Divino Humano seja santificado em nossos corações, só pode ser cumprida na medida em que ingressamos na esfera da Santidade do Senhor. Então essa santidade impregna nossas mentes e corações e o homem é dotado, pelo Senhor, com estados de santidade. Os sentidos são compelidos à correspondência com as coisas internas, tornando-se os últimos da mente espiritual. As afeições doentias do "proprium" ficam ausentes e a mente, ao menos temporariamente, fica reduzida à ordem da verdade que atrai o influxo das coisas celestes.

                        Toda  virtude sincera, toda alegria tranquila, todo prazer inocente da criança ao ouvir estórias da Palavra, todos os estados dos adultos da Igreja em que eles vêem novas verdades que espalham luz sobre suas vidas, todas estas coisas devem ser encaradas como sendo sagradas para o Senhor, como coisas que se realizam em Seu nome. Elas devem ser resguardadas de interpretações profanas, porque elas têm origem na santidade do Senhor.

                        Todas as coisas boas - mesmo as inferiores e as mínimas - pertencem ao Senhor. Se são boas, se são verdadeiras, trazem nelas escrito o nome do Grande Deus e são santas na medida em que são percebidas como os últimos santificados dos propósitos Divinos.

                        Somente o Senhor é santo. Não devemos adorar o templo, mas a Deus que o santifica. As coisas da Igreja somente são santas quando as recebemos santamente, elas somente são santas quando colocamos nossa mente como plano final, onde o Senhor pode estar presente. Para isso, é necessário que os pecados sejam removidos, para que não corrompam a santidade que emana do Senhor. Ao fazermos nossa prece autenticamente, os últimos de nossa vida são purificados pelo Senhor. Se não o forem é porque fizemos da prece um ato superficial e sem significação.

                        Oremos pois com autenticidade para que o Nome de Nosso Pai Celeste seja santificado em nós; oremos para que nos seja concedida a verdade geradora da santidade que constitui a verdadeira sabedoria. Louvemos, portanto, o Senhor, que disse: "A quem vencer, eu farei coluna do templo do meu Deus e dele nunca sairá; e escreverei nele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, o da Nova Jerusalém, que desce do céu do meu Deus e o meu novo Nome". (Apocalipse 3;12).

Amém.

 

Lições : Mateus 6;5 a 17
              VRC 297

 

Traduzido por J.M. Lima
Adaptado por J. Lopes Figueredo