A Promessa da Nova Igreja

Sermão pelo Rev.Geoffrey Childs

“E eu, João, via santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu,
adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido”


(Apocalipse, 21:2).

Podemos algumas vezes pensar: O que é que a Nova Igreja Cristã tem para oferecer que já não seja oferecido pela primeira Igreja Cristã - pelo menos na genuína caridade dessa igreja como era em seus primeiros e belos estados? Na Igreja Cristã primitiva, a igreja do Senhor e Seus discípulos, havia caridade e fraternidade genuínas; além disso, os discípulos tinham realmente visto o Senhor, com seus olhos físicos e espirituais. Como pode agora uma coisa ser oferecida pelo Senhor, em Sua Segunda Vinda, superar esse privilégio? E o que se iguala ao bem simples e infantil dos primeiros cristãos?
Profecia do Segundo Advento.   A resposta vem somente do Senhor. Ele vem novamente, porque conhece a profunda necessidade, a absoluta necessidade dessa vinda. Ele previu essa necessidade enquanto estava na terra e várias vezes profetizou que viria de novo. Ele claramente o disse aos seus seguidores mais próximos na terra: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele espírito de verdade, ele vos guiará a toda verdade”( João 16:12,13). Ele viria de novo, em algum tempo ou estado futuro, como o “Espírito da Verdade”. Mas, de que forma isto se daria? Os discípulos indagavam e, na terça-feira da Páscoa, perguntaram-no: “Qual será o sinal de Tua vinda e do fim do mundo?” Jesus respondeu: “...ouvireis de guerras e rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso aconteça, mas ainda não é o fim... Logo após a aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu... e todas as tribos da terra clamarão... e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mat.24:3,4-6, 29-30).
Os discípulos pensaram que essas coisas aconteceriam enquanto ainda vivessem na terra. Não sabiam que esses eventos iriam ocorrer muitas centenas de anos depois -  que o Senhor não começaria a Sua Segunda Vinda antes de 1748. Então ele viria, o Espírito da Verdade. Viria nas nuvens do céu, com poder e glória.
Cumprimento da Profecia.  O corpo tomado de Maria morreu e o Senhor ressurgiu em Seu Humano glorificado. Os discípulos, no decorrer do tempo, morreram e ascenderam ao mundo espiritual. Passavam-se os séculos e as nuvens negras se acumulavam. E o que o Senhor havia profetizado acontecia: havia guerras de dogmas dentro da Igreja Cristã. A caridade começou a perecer. O brilho do sol do amor se apagou na primeira igreja cristã; a lua da fé cessou de dar a sua luz; e as estrelas do genuíno conhecimento caíram. A promessa da Segunda Vinda deve ser cumprida. Aqueles que esperam por esta vinda nas nuvens de nossa terra, no céu terrestre, esperam em vão. Porque as “nuvens” às quais o Senhor se referiu são as  “nuvens” do Velho e Novo Testamentos, que são cobertos por nuvens de aparências. Nelas o Senhor fez a Sua Segunda Vinda. Ele vem como a Palavra interior Divina: o Filho do Homem. Essa Palavra é o Sentido Espiritual. Através de Seu escriba, Swedenborg, o Senhor Se revelou como a Doutrina Divina: a Doutrina do amor em todos os níveis.
Começa a Segunda Vinda.  O Senhor começou essa segunda Vinda com os Arcanos Celestes, escritos entre 1748 e 1756. A nova Palavra, o poder e a glória, continuaram a ser desvendados através de Swedenborg até 1770, quando a obra-prima, “A Verdadeira Religião Cristã” estava em seu estágio final. Então o Senhor voltou para os Seus discípulos, aqueles que O tinham seguido na terra. Convocou esses discípulos desde os quatro cantos do mundo espiritual. Tinha para eles uma missão de suprema importância. Desvendou diante deles o milagre da Segunda Vinda. Ele os tinha preparado para isto há 17 séculos, quando lhes era ainda visível na terra. Porque já então, no fim de seus primeiros estados, ele tinha começado a lhes mostrar a glória do sentido espiritual. Na Páscoa, à tarde, quando apareceu diante dos 11 apóstolos naquela sala fechada em Jerusalém, ele lhes disse:  “Estas são as palavras que vos falei, estando ainda convosco: que convinha que se cumprisse tudo o que Mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”. (Lucas 24:44,45). Então lhes deu o primeiro conceito do sentido espiritual da Palavra - e de como a Palavra, como uma parábola, trata, em seu seio, do Senhor. “Abriu-lhes o entendimento...”
E eles foram profundamente tocados pela beleza da verdade interior. Como haviam dito dois dos seguidores: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:32).
Os 12 Discípulos são novamente enviados.  É um princípio revelado que a última coisa de um estado anterior - que o bem ali - seja a primeira coisa do estado seguinte. Assim foi com os discípulos e a Palavra.  Nos últimos de seu estado anterior, quando eram Seus seguidores na terra, o Senhor “lhes abriu o entendimento”, mostrando-lhes um vislumbre do Filho do Homem em Sua glória. Quando novamente convocou seus 12 discípulos, em 19 de Junho de 1770, a última coisa da visão anterior tornou-se a primeira coisa do novo estado. O Senhor, talvez, lembrou aos discípulos daquela ocasião na terra, quando lhes desvendara a beleza que há dentro da letra da Palavra. E então lhes anunciou os universais do sentido espiritual, continuando em detalhes o que Ele tinha começado nos primeiros tempos cristãos. Eles estavam preparados para isto: tinham sido especialmente escolhidos para serem preparados. Assim, quando esse estado de instrução Divina terminou - quando aquele dia ou estado de 19 de junho de 1770 se findou, eles se achavam prontos e foram ordenados a cumprir a maravilhosa missão. E, no dia seguinte, 20 de junho de 1770, o Senhor enviou os 12 “a todo o mundo espiritual, para pregar o evangelho de que o Senhor Deus Jesus Cristo reina, Aquele cujo reino será no século dos séculos” (Dan.7:13,14) (VRC 771).
Era assaz conveniente que esta missão fosse dada aos 12 discípulos, pois na terra eles tinham participado do drama do primeiro Advento. Dois deles, Mateus e João, escreveram três livros que fazem parte do Novo Testamento. Os doze, já pelo seu próprio número, figuravam os doze do Velho Testamento: os 12 filhos de Jacó. Os doze discípulos eram, então, uma adequada representação do Velho e, especialmente, do Novo Testamentos. Eram uma parte do que se chama “nuvens” na Palavra anterior. Agora, no 20 de junho de 1770, foi-lhes permitido anunciar a glória a todas as partes do mundo espiritual. Punham juntos o Velho e o Novo Testamentos, mostrando como ambos fazem Um Divino. O Espírito da verdade os tinha conduzido à toda verdade: tinham aprendido as coisas que antes não tinham podido suportar, as muitas coisas que o Senhor não tinha desvendado em Sua primeira vinda. Como se lhes ardiam os corações quando começavam sua nova missão: falar a todo o mundo espiritual a respeito dessa revelação maravilhosa e definitiva!
O milagre dos milagres.  Quando na terra, com os seus discípulos, o Senhor tinha feito muitos milagres, pois estes eram necessários naquele estado infantil da raça humana. Mas agora se diz: “Por muitas razões, a Nova Igreja Cristã não está sendo estabelecida através de quaisquer milagres, como o foi a anterior. Mas, em vez deles, o sentido espiritual da palavra é revelado, o mundo espiritual é aberto e a natureza de ambos, céu e inferno, manifesta; e também, que o homem vive como homem após a morte; e essas coisas superam todos os milagres” (Coronis L, LI).
O discípulos ficaram cientes, no 19 de junho, do que é escrito através de Swedenborg: “o sentido espiritual da Palavra foi aberto pelo Senhor através de mim, o que nunca antes tinha sido revelado, desde que a Palavra foi revelada aos filhos de Israel; e este sentido (espiritual) é o próprio santuário da Palavra; o Senhor, mesmo, está neste sentido com Seu Divino e no sentido natural com Seu Humano. Nem um único iota neste sentido pode ser aberto a não ser pelo Senhor, somente. Isto supera todas as revelações que já foram feitas até aqui desde a criação do mundo. Por meio deste revelação foi aberta a comunicação entre os homens e os anjos do céu, e a conjunção entre os dois mundos se efetuou” (Convite à Nova Igreja, 44).
Por que a Segunda Vinda é necessária.  Num plano estritamente humano, por que essa nova Palavra é necessária? Como ela pode trazer algo que supere o bem da infância e juventude - o bem simples ou as lembranças infantis que parecem ser a melhor coisa na terra? A Palavra nova não rejeita de modo algum esse bem primeiro. De fato o bem da infância é a base em que a cidade santa se assenta. Mas as relíquias da infância não são suficientes para a regeneração: não bastam para que o amor conjugal seja protegido e desenvolvido. Alguma outra coisa é necessária, e desesperadamente necessária. Afinal, todo mundo na terra tem lembranças da infância e, no entanto, os casamentos estão em decadência e a regeneração parece terrivelmente difícil.
O que é necessário é a Palavra nova, a palavra das doutrinas Divinas, pois, com sua verdade final e racional, o Senhor está agora revelado em todos os níveis. O homem tem a verdade de que precisa para ser regenerado, com ajuda do Senhor, e para descobrir o amor conjugal, o amor ao próximo e o amor ao Senhor. A inocência da infância pode agora conduzir no tempo do Senhor à inocência da sabedoria. Uma idade de ouro pode levar à outra, uma coisa quase impossível antes da última Vinda. O bem da infância pode agora ser confirmado no bem da doutrina. Desse novo bem - o bem da doutrina - é que se diz: “uma coisa é estar no bem, ou no amor e na caridade, e outra coisa é estar no bem da doutrina. As criancinhas que estão no amor para com seus pais e na caridade para com as outras crianças estão no bem, mas não no bem da doutrina, conseqüentemente não na verdade... Mas aqueles que foram regenerados pelas verdades da fé estão no bem da doutrina”. Esta é a sabedoria da inocência procedente do Senhor, só. (AC 2572).
Através de indivíduos, a Segunda Vinda acontece agora.  O que são os bens da doutrina?  São o amor conjugal, o amor ao Senhor, o amor do uso interior para os outros, a paz espiritual, a bem-aventurança interna da vida. Estas coisas o Senhor ensinou aos 12 discípulos. E lhes ensinou o que “Coronis” desvenda com essa promessa: “esta Nova Igreja, verdadeiramente cristã, que hoje está sendo estabelecida pelo Senhor, durará pela eternidade, como está confirmado pela Palavra de ambos os Testamentos; também foi previsto desde a criação do mundo; e será a coroa das quatro igrejas precedentes, porque terá a verdadeira fé e caridade. Nesta Nova Igreja haverá paz, glória e bem-aventura interna da vida”... (Coronis LII, LIII).
Esta é a promessa: pode ser cumprida à medida que a Palavra trina for lida e vivida. “Orai pela paz de Jerusalém; repousarão os que te amam. Paz seja dentro de teus muros, tranqüilidade em teus palácios”. (Sal.122:6,7).

Amém.