O Senhor nos ama

Sermão pelo Rev.Jeremy F.Simons

"E acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que me chamarás: Meu marido;
e não me chamarás mais: Meu Baal"


Oséias 2:16.

É muito difícil entender a natureza e a intensidade do amor que o Senhor tem por nós. Para nos dar alguma idéia de como é esse amor, a Palavra o compara ao amor tal como o de um marido pela esposa, ou de um pai ou mãe por uma criancinha ou a ternura de um jovem casal confirmando seu amor um pelo outro. Somos convidados a considerar esses amores e então a compreender quão maior o amor de Deus é. "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem?" (Mateus 7:11).
Será que nós conhecemos o Senhor como alguém que nos ama verdadeiramente e a quem podemos pedir essas boas coisas? Ao chamar-Se a Si próprio "Marido", Ele nos está convidando a que pensemos nEle dessa forma -como alguém que está próximo, pronto para atender todas as nossas necessidades. Em João há uma passagem semelhante a esta de Oséias: "Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer" (15:15).
O amor existe entre verdadeiros amigos, assim como existe entre cônjuges. Não é apenas o fato de que um ama o outro, mas que cada um ama reciprocamente o outro. O Senhor nos pede que tenhamos essa amizade para com Ele, que sejamos mais do que amigos, como se fôssemos um cônjuge dEle, ligados por um laço eterno. Somos convidados a oferecer a reciprocidade, a amá-lo de volta. Em Seus ensinamentos Ele esclareceu como podemos amá-Lo: "Como o Pai me amou, também Eu vos amei a vós; permanecei no Meu amor" (João 15:9). "Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando" (15:14) "Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos" (14:15).
Os Escritos afirmam que "Crer no Senhor e amá-Lo é fazer os Seus Mandamentos" (AC 10645). Simplesmente, jamais poderemos amar ao Senhor a não ser observando a Sua Lei. No entanto, Ele nos ama, quer cumpramos Sua Lei ou não, e é o Seu amor que nos dá a força para cumprí-la. É o Seu amor pela raça humana que tem dado a todos os homens os meios de amá-Lo. Como aprendemos em João: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (3:16).
Ter a vida eterna é ser capaz de amar a Deus e assim de entrar numa união com Ele, como Ele nos propõe. O "Filho unigênito" é a Divina Verdade (AC 3704) que Ele, por Seu amor, deu ao mundo. Crer nEle, como vimos, é fazer o Ele ensina.
O Senhor nos ama, ninguém duvida. Mas, como podemos por nossa vez amá-Lo? Ao nos chamar de "amigos" Ele disse: "o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer" (15:15). Nós não podemos amar o que não conhecemos. Por isso Deus veio à terra para Se dar a conhecer a nós e também para que conhecêssemos o que Ele faz. Em Seu Segundo Advento, Ele Se deu a conhecer de um modo tal como nunca fizera antes. Por que? Para que fosse conhecido e amado de modo tal como nunca fora antes. Pois lemos em VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ: "Esta Nova Igreja é a coroa de todas as Igrejas que até aqui existiram no globo terráqueo... porque ela adorará um único Deus visível no qual está Deus invisível, como a alma está no corpo; ...a conjunção de Deus com o homem (é) possível desta maneira, e não de outro modo, ...porque o homem é natural, e por conseguinte pensa naturalmente, e assim na afeição de seu amor, e isso acontece quando o homem pensa em Deus como Homem" (767).
Se quisermos amar a Deus, devemos pensar nEle como um Homem. Não como uma Força ou uma presença, mas como um Amigo, um Marido, um Pai. E este Homem é visível somente quando O conhecemos em Sua Palavra. A Palavra ensina claramente que Ele nos ama, que nos ama como fazem os pais. Em Isaías: "Pode uma mulher esquecer-se tanto de sua cria, que se não compadeça do filho do seu ventre? mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia, não me esquecerei de ti ...diz o Senhor" (49:15, 22). E em Jeremias: "Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei, também com amorável benignidade te atraí" (31:3).
Ele nos ama como a uma noiva: "E desposar-te-ei comigo para sempre: desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor" (2:19,20). "Porque, como o mancebo se casa com a donzela... e como o noivo se alegra da noiva, assim Se alegrará de ti o teu Deus" (Isaías 62:5).
Ele nos ama, quer queiramos, quer não, como Ele mostrou quando lamentou por Jerusalém, em Lucas: "Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?" (13:34).
Se não o queremos, como pode o Senhor nos amar? A resposta é que Ele é o Amor Mesmo, e o amor não pode fazer outra coisa senão amar. É, simplesmente, sua natureza, e esta é a essência e a natureza de Deus. Como lemos em nossa lição: "Há duas coisas que fazem a essência de Deus: o amor e a sabedoria. Mas há três coisas que fazem a essência de Seu amor: amar os outros fora de si, querer ser um com eles, e fazê-los felizes por si. As mesmas três coisas fazem a essência de Sua sabedoria, porque amor e sabedoria são um em Deus" (VRC 43).
O amor do Senhor, e como esse amor é, explica tudo na criação: "É o essencial do amor não amar a si, mas aos outros" (SABEDORIA ANGÉLICA 47). Ele nos criou somente para que pudesse nos amar. E como Ele nos ama, quer ser um conosco, estar perto de nós, estar junto a nós como um Amigo, um Pai, um Esposo. Esta conjunção resulta em eterna felicidade: "Todo amor exala de si um prazer, e o Divino amor exala a beatitude mesma, a ventura mesma, a felicidade mesma durante a eternidade. Assim Deus torna felizes por si os anjos e os homens depois da morte, o que se faz pela conjunção com eles" (VRC 43).
Como podemos deixar de amar a Alguém que tem essas coisas em mente em relação a nós? Como pode alguém deixar de amar a Deus? As intenções dEle para com cada pessoa são essas, e Ele tem o poder de fazer esses desejos se tornarem reais.
No entanto, Ele nos deixa em liberdade. Está sempre presente conosco, dirigindo-nos a amá-Lo, mas nunca nos força. Pois lemos: "...é necessário que se saiba que Deus está perpetuamente presente e que continuamente faz esforços e age no homem e toca também seu livre-arbítrio, sem violá-lo, entretanto, pois se violasse o livre-arbítrio do homem, a morada do homem em Deus pereceria; não haveria senão a morada de Deus no homem, e esta morada está em todos..." (VRC 74).
Se nós livremente o amarmos e depositarmos nEle nossa confiança, Ele nos trará felicidade, não somente no céu, mas em todas as coisas neste mundo. "Para aqueles que confiam no Divino todas as coisas avançam para um estado feliz na eternidade, e... tudo o que lhes acontece no tempo conduz para isso" (AC 8478).
É o que se chama "o curso da Providência": "Aqueles que estão no curso da Providência são conduzidos o tempo todo para tudo o que é feliz, qualquer que seja a aparência dos meios. No curso da Providência estão aqueles que confiam no Divino e a Ele atribuem todas as coisas. E não estão no curso da Providência os que confiam somente em si e a si mesmos atribuem todas as coisas" (AC 8478). "Quando o Senhor está com alguém, Ele o conduz e provê para que todas as coisas que acontecem, sejam tristes ou alegres, resultem para ele em bem. Esta é a Divina Providência" (AC 6303).
Assim, ouçamos a exortação de Swedenborg nos Escritos: "Mas tu, meu amigo, foge do mal e faz o bem, e crê no Senhor de todo o teu coração e toda a tua alma. E o Senhor te amará, e te dará o amor para fazer e a fé para crer; e então pelo amor farás o bem, e pela fé, que é a confiança, tu crerás; e se perseverares assim, far-se-á uma conjunção recíproca, e esta é a conjunção perpétua, que é a salvação mesma e a vida eterna mesma" (VRC 484).
Se pudermos fazer isto, então a cidade santa, a Nova Jerusalém, descerá dos céus, preparada como uma noiva adornada para seu marido. "E acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que me chamarás: Meu marido; e não me chamarás mais: Meu Baal". Pois Ele ama a cada um e está somente aguardando que cada um consinta com Seu amor.
Ao Senhor e Deus Jesus Cristo, "Aquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a Ele glória e poder para todo o sempre. Amém". (Apoc.1:5,6).

Lições: Oséias 2:14-23; Mateus 7:7-12; VRC 43,44.

Livre tradução de C.R.Nobre