Novas todas as coisas

 

Um sermão pelo Rev. Alfred Acton II

 

“E o que estava assentado sobre o trono disse:
Eis que faço novas todas as coisas.


Apocalipse 21:5

No ano de 1770, após o grande e terrível Juizo Final e treze anos de sucessivas revelações da verdade, o Senhor convocou os doze discípulos que O haviam seguido na terra e lhes deu uma nova missão, a missão de percorrer os céus e proclamar o novo evangelho, uma nova mensagem para o mundo: “O Senhor Deus Jesus Cristo reina, e Seu reino será pelos séculos dos séculos”.

Cada um de nós tem sido privilaegiado em sermos chamados para a Nova Igreja, cada um tem ouvido esse novo evangelho. Temos ouvido essa nova mensagem. E visto que temos nos agregado à Igreja do Senhor, visto que temos aceitado essa verdade e nos tornado genuínos discípulos do Senhor, temos aceitado a responsabilidade de levar essa mensagem a todos no mundo, de proclamar por todo o mundo essa nova revelação da verdade : “O Senhor Deus Jesus Cristo reina, e Seu reino será pelos séculos dos séculos”.

É uma missão tremenda.  Imagine! Toda a revelação, todos os volumes da verdade. Como podemos estar prontos para expressar essa verdade às pessoas?  Não é uma coisa dolorosa de se fazer, compartilhar aquilo que você ama profundamente, com outras pessoas que poderão bem rejeitar uma verdade tão amada?

Você sabe que, quando começa a falar com as pessoas, você aprende a se comunicar com elas. E existem cinco níveis básicos de comunicação. Quando você encontra uma pessoa pela primeira vez, a comunicação que acontece se chama “chavão”: “Que calor, não?” e você sabe que ninguém vai responder seriamente, não é uma conversa ameaçadora. Ou então: “Como vai?” e realmente você não quer uma resposta muito elaborada. É simplesmente o tipo “chavão”. “Como vai?”, e é só isso. É uma comunicação muito superficial, mas já é um começo; E quando estmaos aprendendo a nos comunicar com as pessoas, geralmente começamos com comunicação de chavões.

O nível seguinte não é muito ameaçador. Fala de fatos. Por exemplo, você está sentado à mesa num jantar e alguém diz: “Qual é sua religião?”  Você pode responder a essa pergunta simplesmente falando de fatos: “Sou da Nova Igreja, que foi fundada na Inglaterra, baseada nos escritos teológicos de Emanuel Swedenborg, nascido em 1688 e morto em 1772. Ele nos transmitiu uma série de verdades, as quais aceitamos”. Apenas relatando fatos. E como não é um nível muito profundo de comunicação, não é muito ameaçador. Você está sentado à mesa, a pessoa lhe responde, você diz, “Sim”, “Ok”, e acabou.

Mas quando você começa a conhecer mais uma pessoa, a comunicação fica mais ameaçadora. Você começa a se sentir vulnerável, porque começa a dizer coisas que são mais significativas para você. E o nível seguinte, o terceiro nível, é expôr verdades, explicar suas crenças. Agora, o seu sistema de crença é a sua igreja. E, por causa disso, cada um de nós tem um sistema de crença um pouco diferente e uma igreja um pouco diferente. Mas, para nós, é o que importa. E logo que você começa a dizer: “Eu creio...”, alguém pode dizer: “Mas eu não creio”, entrando noutro nível de comunicação, e você se sente mais vulnerável em relação à pessoa com quem se comunica.

Daí vem o quarto nível. E este é quando você começa realmente a expressar seus valores. É sua religião, seus valores, as coisas que você ama acima de todas as outras. O Senhor disse: “Não terás outras deuses diante de Minha face” – não dê valor a coisa alguma acima do amor a Ele próprio.  Mas todos nós temos nossos sistmas de valores. E quando começamos a expôr nossos valores a alguém, ficamos ainda mais vulneráveis. Ficamos mais sujeitos a sermos magoados, porque são coisas muito preciosas para nós.
Uma vez, quando eu tinha dezoito anos, trabalhei no turno da doite de uma fábrica. E eu trabalhava com um rapaz que tinha demosntrado algum interesse pela Nova Igreja, e eu, jovem e idealista nos meus dezoito anos, pensei que ia converter o mundo tudo. Assim, dei a ele um exemplar do livro “Céu e Inferno”. Ele levou o livro e, depois de umas duas semanas, perguntei-lhe: “Você gostou do livro?” Bem, o que o que eu vou lhes dizer que ele me respondeu é de fato um pouco diferente do vocabulário usado no turno da noite de uma fábrica, mas, de certa forma, ele disse: “Não gostei”. E aquilo me magoou. Porque realmente magoa ver alguém rejeitar algo que é precioso para nós. E muitos de nós sentem medo real de comunicar as coisas de nossa religião e nossa igreja às pessoas apenas porque não querem se sentir magoados. Ninguém gosta de ser vulnerável.
Então, há o quinto nível de comunicação, do tipo que um marido compartilha com sua esposa – um compartilhamento profundo das coisas da religião e da igreja, dos valores e crenças mais profundos. E quando se pode fazer isso, quando os dois se aproximam juntos de uma religião e uma igreja, então o amor verdadeiramente conjugal começa a florescer. Mas nós estávamos flando da mensagem, de como compartilhar a mensagem, como proclamar esse novo evangelho às pessoas. E dissemos que todos nós temos nossos temores – temores por sermos vulneráveis, receio de sermos atacados pelas pessoas com quem falamos.
Mas também temos uma outra espécie de temor, pelo qual nos perguntamos: Será que estou preparado? Posso levar adiante essa mensagem? Posso mesmo falar às pessoas as coisas que estão em tantos volumes da verdade?  Ora, o fato é que as pessoas desta igreja são os melhores discípulos possíveis do Senhor. Como elas podem, então, se sentir preparadas para levar a mensagem?
Bem, aqui está um recurso que nos ajudará. Tomemos os cinco dedos de cada mão. Vamos usar esses cinco dedos para fazer um esboço do que podemos falar. Em primeiro lugar, devemos saber que o Senhor nos diz que há três coisas essenciais na Igreja: nossa idéia a respeito de Deus; nossa idéia a respeito da Palavra e nossa idéia a respeito da caridade. São três coisas, três essenciais. Temos mais dois dedos; vamos relacionar mais duas coisas com eles: num, o céu e o inferno, a vida eterna, sobre a qual temos aprendido muitas coisas, e no outro, a vida do casamento. Cinco coisas. Não mais que isso. Então, temos cinco dedos, para nos lembrar do Senhor, da Palavra, da vida de caridade, da vida eterna ou céu, como quiser, e do casamento.

Agora temos um esboço. E você pode segurar um dedo enquanto estiver falando, para se lembrar do ponto sobre o qual falar e saber onde você está. E funciona! Então, vejamos, um a um, os pontos que associamos com os nossos dedos. O que vamos falar aos outros a respeito do Senhor?  Você sabe, na Nova Igreja, as pessoas normalmente acreditam que a coisa principal que podem falar com os outros a respeito do Senhor é a trindade. Mas eu presumo que haja poucas pessoas no mundo que realmente se importam em saber sobre a trindade. Então, a trindade não deve ser, talvez, a primeira coisa que devemos citar. A trindade de pessoas é uma falsidade da fé cristã antiga e precisa ser rejeita, mas muitas pessoas no mundo não a conhecem.  Assim, o que você realmente gostaria de falar às pessoas sobre o Senhor é o que Ele significa para você. E quando você pensa no que o Senhor significa pra você, o que você quer realmente falar aos outros, é que o Senhor é um Deus de amor, um Deus que cuida de nós. Ele zela por todas as criaturas e quer todas as pessoas em Seu céu. E esta é uma idéia completamente nova. O Senhor não é um Deus exclusivo. Você não precisa ser participante de determinado grupo para que o Senhor o ame. Qualquer um tem o seu lugar preparado no céu, contanto que viva de acordo com os valores de sua fé. O Senhor quer salvar a todos, e se não pode salvar alguém, a culpa é da própria pessoa, que Lhe volta as costas.
Ele é um Deus realmente amoroso. E esta é uma mensagem inteiramente nova que a Nova Igreja tem para o mundo. A maioria das pessoas exclui as outras que não são de sua religião, mas Deus a ninguém exclui. Ele é um Deus amoroso, que cuida de todos e que inclui a todos em Seu amor e Ele quer alcançar as de todas as pessoas, sem exceção.
Agora, se você quiser, pode falar também sobre a trindade. E, se o fizer, você deve ter uma explicação clara e fácil. Aqui está um exemplo. Pegue qualquer objeto, qualquer coisa que você possa tomar com as mãos, como um copo. Pense de que o objeto é feito; pense em qual é a sua forma; e pense na sua finalidade, para que ele serve. No exemplo do copo: é feito de vidro; sua forma é a de um cilindro com um fundo; e é feito para com ele se beber. E temos aqui uma trindade: a subtância é o vidro; a forma é o cilindro; e beber é o uso ou para que ele serve.
Qualquer coisa que você imaginar, qualquer que seja, tem uma trindade: a substância de que é feita, que forma tem e para que uso serve. E se você excluir uma dessas três características, não poderá descrever o objeto completamente.
Com relação ao Senhor, “de que Ele é feito” ou qual Sua substância? É o Seu amor. Qual Sua forma, onde podemos vê-la? Sua Verdade, Sua Palavra. E qual Seu propósito? Ele ama, cuida, guia, protege, defende. Assim, é correto falar sobre a trintade, mas comece dizendo aquilo que o Senhor significa para você. É o primeiro dedo.
Então onlhamos para a Palavra. O que você gostaria de dizer a alguém sobre a Palavra? Podemos ficar embaraçados em transmitir a doutrina das correspondências. E mais, quando começamos a falar, pensamos que temos que saber tudo. Mas o que realmente importa-nos falar sobre a Palavra é que ela é Deus falando a nós, para que acreditemos que esse Deus que ama e cuida quer nos ajudar ao nos falar as verdades. E, entrando um pouco nas correspondências, podemos tomar como exemplo uma coisinha simples, como uma pedra, por exemplo. É como a pedrinha com que Davi abateu o gigante Golias. E você pode falar também sobre a pedra que os edificadores rejeitaram, a pedra de esquina, a base da Igreja. Tudo isso corresponde à verdade.

Mas o fato é que, quanto você estiver falando sobre a Palavra, o que você deve salientar é a mensagem básica de que ela é o Senhor falando a nós. Ele nos fala em Sua Palavra; e se nós fizermos nossos ouvidos surdos, Ele falará ainda mais alto. Como Ele fala, alto e claro, nos Escritos, mais do que em qualquer outra revelação. Assim, temos para transmitir essa verdade nova e admirável de que a Palavra é o Senhor falando conosco.
Agora temos o terceiro dedo, a vida de caridade. Para a maioria das pessoas, caridade quer dizer somente dar dinheiro a alguém ou a alguma instituição. Mas nós temos um conceito inteiramente novo sobre a caridade. Sabemos que a caridade tem quatro faces. A primeira – faça seu trabalho da melhor forma que puder, usando seus talentos da melhor maneira que for capaz.  O Senhor criou a cada um de nós com dons especiais. Não importa se somos velhos ou moços, se começarmos a desenvolver nossos talentos e compartilhar nossos dons com as outras pessoas, estaremos exercendo a caridade. Pode ser até, para uma pessoa já aposentada, passar algum tempo conversando para distrair alguém. Ou se trabalha, usando bem as habilidade em seu trabalho. Trata-se de compartilhar seus talentos com outras pessoas.
Em seguida vem o que se chama benefícios da caridade – doar; aqui se enquadram as boas ações feitas livremente. Há certas coisas que não temos de fazer certas coisas. Não temos de ajudar, por exemplo, aquela velhinha a atravessar a rua. Mas decidimos fazer, queremos fazer coisas, por nossa vontade, nosso benefício. Esta é a segunda face da caridade.
Depois temos os deveres. E esses são nossas responsabilidades reais; dizem respeito ao campo dos deveres dos cidadãos de um país: votar, pagar impostos etc. São responsabilidades que se equiparam às de marido e esposa, como cortesia, educação e zelo, ou com às do membro de uma família, das obrigações domésticas, dos adultos em prover alimento dos filhos etc., além do exemplo que cabe transmitir.

Portanto, temos: usar nossos talentos, dar o melhor de nossos esforços, assumir as responsabilidades e, por último, divertir-se. Os Escritos nos dizem que a vida não tem de ser sombria; devemos desfrutar das relações sociais. Todavia, não podemos inverter as oisas. Não devemos por a diversão em cima da lista e esquecer as coisas restantes. Caridade, porém, é fazer essas quatro coisas.
Então, agora sabemos: podemos falar sobre o Senhor (o que realmente importa para nós); a Palavra (é o Senhor falando conosco); alguma coisa sobre a caridade; e então falamos sobre o céu. Temos um conjunto maravilhoso de idéias sobre o céu para compartilhar com as pessoas. É uma mensagem animadora e lógica: cada um ali está no lugar que escolheu estar, seja bom, seja ruim. E cada um está em seu lugar porque escolheu fazer as coisas que pareciam melhor aos seus olhos.  O Senhor provê para que as pessoas que viveram na verdade e no bem possam continuar a praticar essa vida pela eternidade. E muitas outras coisas há sobre o céu, mas estas são apenas alguns destaques.
Em seguida vem a idéia sobre o casamento – o quinto ponto, quinto dedo. O que podemos dizer sobre o amor conjugal. Bem, vamos imaginar a forma de um diamante, um losango. Agora, imagine o Senhor no alto dessa figura; imagine os usos na parte de baixo; e ponha o marido e a esposa, cada um de um lado do diamante, no meio. O amor conjugal é o amor de um homem por uma mulher e ambos visando ao Senhor por uma vida de usos.
Lembre-se, depois, que cada parte desse diamante tem de ser forte. Cada um deve fazer a sua parte nessa relação, aproximando-se do Senhor pela regeneração. Então o amor do Senhor desce pelo meio e preenche os usos, os quais sobem novamente a Ele, com regozijo. E a obra de cada um, marido e esposa, é necessária para aproximar um do outro e os dois do Senhor, numa aliança em que ambos se aproximam um do outro ao se aproximarem do Senhor. Todos nós sabemos uma porção de coisas que poderíamos dizer sobre a alegria que se pode encontrar no casamento. Na obra Amor Conjugal, aprendemos que um marido e sua esposa, na outra vida, desfrutam de crescente capacidade no desempenho de seus usos e, conseqüentemente, contínuo aumento de seu contentamento.
Então, temos aqui o esboço: o Senhor, a Palavra, a vida de caridade, o céu e o inferno e o casamento. Não é preciso ir além disso. Provavelmente, já é muito até. Mas assim você pode ter algum esquema na mente que ajuda a expressar a verdade de sua crença. Nós temos esse dever, essa missão de ir e anunciar a verdade. O Senhor nos trouxe à Sua Igreja e nos deu as verdades. E nos mandou que fôssemos Seus discípulos, para entrarmos na mesma missão dos discípulos que O seguiram aqui na terra, aos quais Ele enviou, no dia 19 de junho de 1770, a anunciar que “o Senhor Deus Jesus Cristo reina, aquele cujo reino será no século dos séculos”.

Amém.

 

Lições:    João 4:1-26,
Apocalipse 21:1-6
Mateus 28:16-20
Verdadeira Religião Cristã 764