A Igreja de Laodicéia

“Eu sei as tuas obras, e que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente,
vomitar-te-ei da minha boca”

A mensagem que o Senhor mandou à Igreja de Sardes parece ser a mais séria de todas. O Senhor diz que as pessoas da Igreja de Sardes não eram frias nem quentes, e por isso ele as vomitaria de sua boca. Também os chama de desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus.
Por que razão estas palavras tão duras foram escritas sobre os de Laodicéia? Parece que o Senhor estava sendo muito rigoroso com eles, diferente do que foi para com as outras igrejas. E como é possível o Senhor vomitar alguém de sua boca? E que culpa eles tinham se eram desgraçados, pobres, cegos e nus? Não tinham que ser, por isso mesmo, socorridos?
Uma vez mais, devemos nos lembrar de que a Palavra de Deus não é um livro como outro qualquer. A Palavra, e também o texto que estamos lendo do Apocalipse, tem um significado interior, uma mensagem feita em códigos, por trás das palavras que lemos. Se nós não soubermos entender esse código - chamado correspondências - fica muito difícil compreender o que a Palavra realmente está nos falando.
O caso é assim também aqui. Quando o Senhor diz que as pessoas são mornas e que por esse motivo seriam vomitadas de Sua boca, Ele está falando espiritualmente, por meio de correspondências. Porque, realmente, não é possível fisicamente o Senhor ter pessoas em Sua boca para vomitá-las. E assim também acontece com as outras expressões: eles foram chamados de desgraçados, cegos, pobres e nus por causa de sua condição espiritual e não por alguma desgraça ou pobreza ou cegueira ou nudez naturais.
Como então, compreender a mensagem à Igreja de Laodicéia? Para isso precisamos saber, por meio das correspondências ou do sentido interno, que o céu tem a forma humana, isto é, as sociedades de todas as pessoas que lá moram, tomadas em conjunto, têm a forma geográfica de um homem, e por isso o céu é chamado Máximo Homem. Cada um de nós, quando for para o céu, escolhe morar no lugar mais agradável, junto de sua família e seus amigos, mas sempre estará numa região qualquer do Máximo Homem, seja na região que corresponde aos olhos, seja na região do pé ou do braço.
Porque cada cidade ou sociedade dos anjos fica localizada numa região qualquer do céu que corresponde, naquele Máximo corpo, ou ao braço, ou à perna, ou ao estômago ou ao coração. E, de acordo com a situação dessas sociedades, os anjos ali cumprem usos de acordo com o uso do órgão em que estão. Por exemplo: os anjos que habitam as cidades que ficam na região da cabeça têm um uso parecido com o que a cabeça tem para o corpo; estão nos céus mais altos, compreender melhor as verdades Divinas e, por meio deles, o Senhor dirige todo o céu e toda a igreja na terra. Os anjos que estão na boca são aqueles que estão na função de receber pessoas novas que chegam da terra, quando essas pessoas morrem. Os anjos da província da boca têm o maior prazer em receber a todos, assim como a boca recebe com prazer o alimento. As pessoas que creram no Senhor e fizeram o bem são como o alimento bom e útil, porque serão recebidas no corpo do céu e farão o céu crescer e trabalhar melhor. E as pessoas que não creram no Senhor e fizeram o mal são como o alimento ruím e indigesto, que não podem fazer bem ao corpo do Máximo Homem, e por isso serão mais tarde expulsas de lá, como fezes, e terão de encontrar sua morada em lugares imundos e infelizes fora do céu. Assim também as pessoas que foram preguiçosas: são como alimento inútil que, não tem nenhum elemento nutritivo para o corpo.
Voltamos, então aos da Igreja de Laodicéia. O Senhor disse que eles não eram frios nem quentes. Neste caso, a frieza e o calor correspondem ao estado espiritual deles, de mal ou de bem. Quer dizer que eles não estavam nem no mal nem no bem, mas na mistura de mal e bem, e por isso foram chamados mornos. Eram pessoas que, nesta vida, sabiam a verdade mas faziam o mal; às vezes também faziam o bem e assim misturavam bem e mal. No espírito dessas pessoas, os bens e males estão juntos e por isso são mornas. Com os males elas não podem ficar no céu, e com os bens não podem ir aos infernos. Mas os bens e males foram tão misturados, que, se forem separados, a vida da pessoa se despedaça. É uma situação muito triste. Por isso são rejeitadas de toda sociedade em que vão, sendo, por assim dizer, vomitadas logo que chegam às primeiras sociedades do Máximo Homem.
O Senhor diz que essas pessoas seriam vomitadas da boca dEle porque o céu é a imagem do Senhor, e o aqueles que estão no céu estão também no Senhor e o Senhor está nEle. Por isso é que o Senhor considera as regiões e as pessoas do céu como se estivessem nEle mesmo, donde Ele disse que aquelas pessoas seriam vomitadas de Sua boca.
Muitas vezes nós, que conhecemos a verdade, erramos e fazemos o mal. Não devemos fazer isso, mas muitas vezes fazemos. Se nós nos arrependermos do mal e pusermos em nosso coração o desejo sincero de nunca mais fazê-lo, então o Senhor envia Seus anjos e eles nos ajudam a vencer aquele determinado mal. E assim, enquanto vivermos neste mundo, passaremos nossa vida lutando para afastar os males.
Mas se nós, que conhecemos a verdade, sabemos o que é o mal, e mesmo assim continuamos fazendo o mal sem darmos ouvido à voz do Senhor em nossa consciência, corremos o perigo de, com o hábito, o mal se enraizar em nosso coração e ficar misturado com o bem. Corremos o perigo de sermos como os de Laodicéia, mornos, e não termos lugar nos céus.
Por isso é que, para os que estão neste estado perigoso, o Senhor recomenda urgentemente que aprendam as verdades, renunciem ao mal e façam logo o bem. “Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha de tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso e arrepende-te”.
Adquirir ouro provado no fogo é adquirir o bem do amor. Adquirir vestidos brancos é adquirir verdades. Ungir os olhos para ver é ter o entendimento correto das coisas, para não se confundir as verdades da sabedoria. Se eles fizerem assim, serão considerados “quentes”, ou seja, pessoas em que há o calor do amor a Deus e ao próximo, que acharão no céu o lugar em que serão sempre úteis e felizes.