As Inclinações do Amor Conjugal

 

“...E serão os dois numa só carne”.

Mateus 20:5

 

Dentre os arcanos da sabedoria do amor conjugal revelados pelo Senhor para a Nova Igreja, examinaremos hoje o que nos fala de uma inclinação que existe por criação em um e outro sexos, para que “possam e queiram ser conjuntos como um”. Isto é o que está envolvido nas palavras do Senhor em nosso texto-base: “...E serão os dois numa só carne”. O sentido espiritual aqui trata da conjunção das almas e das mentes que existe no casamento.
Quando estudamos a natureza do casamento pelas Doutrinas Celestes, uma das primeiras coisas que aprendemos e que devemos manter sempre nítida em nossa idéia é que o casamento não é uma coisa estática; tampouco é a cerimônia em si. Antes, o casamento, aprendemos, é um processo que continua pela vida eterna.
Os membros da Nova Igreja têm de refazer a idéia comum que lhes vem do mundo sobre o casamento e passar a vê-lo como esse processo, uma instituição que se edifica, se aperfeiçoa e se amplia sempre, indefinidamente. É mais ou menos como a edificação de um castelo, desde a aquisição da terra até a construção de seus fundamentos, muros, torres, depois a plantação de jardins, pomares, e depois também a decoração interior desse castelo, e,  ainda a sua manutenção e o cultivo continuado dos jardins e pomares para que haja sempre suprimento, abundância e paz e conforto para os que ali habitam.
No dia em que decide se unir pelo casamento verdadeiro, o casal na Nova Igreja precisa ter em mente que estão apenas tomando as primeiras medidas para lançar os fundamentos de sua futura existência, e que seu relacionamento é um relacionamento sobretudo espiritual, que a cada dia precisará ser cuidado e zelado para que se aprofunde e se edifique. É um processo que parte de um ideal espiritual externo, dali desce de forma racional aos externos e para em seguida voltar a se elevar para os internos e, assim, poderá continuar crescendo e se fortalecendo interiormente por toda a eternidade.
Visto que o espírito é o ser mesmo da pessoa, a união de duas pessoas, para ser verdadeira, tem de levar em conta o espiritual, do contrário,  casa-se somente com os externos ou o material de outrem, ignorando-se tudo o que há além dali, todo o seu ser, todos os aspectos intelectuais e voluntários, que são todas as experiências passadas e presentes, positivas e negativas, bem como todos os valores, todos os  ideais, sentimentos, intenções, pensamentos etc.. Se não se levar em conta tudo isso com a intenção de se cultivar todo o bem que ali houver,  a união será superficial,  material ou, quando muito, irá apenas ao nível da mente natural.
É preciso, então, que o casamento seja com todo o ser da outra pessoa. No entanto, aprendemos também que o ser mesmo da pessoa, que é o seu próprio, é corrompido e corrupto por natureza, infernal mesmo, que só quer satisfazer a si em primeiro lugar e nunca ao outro, ou, então só se permite satisfazer ao outro quando também se beneficia a si mesmo com o que faz. E essa característica egoística do próprio se interpõe na união e impede que haja uma entrega mútua entre ambos, uma disposição de servir e não de ser servido, uma vontade de querer o bem do outro e fazer-lhe esse bem independentemente do que se obtêm em troca, pois aí é que reside a verdadeira alegria do ser humano, quando faz o outro feliz.
Então, para que alguma união real seja possível, é preciso que esse próprio egoista seja primeiro removido ou o amor de si seja posto em sua ordem. E como essa remoção ou reordenação do próprio só é feito pelo Senhor, pelo processo que se chama regeneração, é por isso que o casamento, para ser verdadeiro, deve andar com a regeneração lado a lado, passo a passo e ombro a ombro.
Se ambos, esposa e marido, não encararem juntos seu compromisso com o Senhor de deixaram de lado o egoísmo, a cobiça carnal dos amores incastos e adúlteros e o amor de dominar, o casamento verdadeiro será absolutamente impossível. Haverá, quando muito, uma convivência natural que será mais ou menos pacífica, na medida em que os interesses próprios, materiais e individualistas não são feridos. Mas quando a força do egoísmo, da cobiça e do materialismo se levanta, não há união desse tipo que resista, a menos que a personalidade de um dos dois seja irracionalmente simples para o suportar.
Quando, porém, ambos visam ao Senhor, estão também visando um ao outro e por isso o casamento se realiza nos íntimos. Porque, para se voltar realmente para o Senhor, o ser humano tem de elevar os olhos acima de si e assim consegue ver o próximo. Então, temos a importante verdade que o maior exercício da caridade acontece dentro do casamento, pois é com o cônjuge, mais do que com qualquer outra pessoa, que o ser humano pode exercitar a essencial condição de abrir mão do individualismo a cada dia, a cada momento; pode servir ao outro e não buscar ser servido; pode ter empatia, tolerância, procurar compreender as questões do ponto de vista do outro; pode ter paciência e compreensão para com as fraquezas do caráter humano; e pode oferecer auxílio para ajudar o outro a superá-las.
O casal, segundo essa concepção, forma um indivíduo quanto à intenção de afastar de si os males que podem atentar contra o outro e contra própria união; forma um só pensamento quanto aos ideais espirituais visados e uma só afeição, a de serem um só e servir aos usos para com os filhos, a comunidade civil e espiritual em que vivem e, por esse meio, de servirem ao Senhor com suas vidas. Para fazerem isso conscientemente, os dois precisam examinar a Palavra de Deus, estudá-la em seu sentido literal e espiritual, aprender as doutrinas espirituais que se referem à sua união e, em seguida, examinarem-se à luz desses ensinamentos.
Sim, porque existe um auto-exame individual e um auto-exame conjugal, quando ambos examinam as coisas que, ao fazerem ou permitirem em comum, pecam contra Deus, seja nas ações, nos comentários, nas atitudes para com os de dentro e os de fora. Há, realmente, muitos pecados que o casal comete em conjunto, e muitas vezes um defende e confirma o erro do outro. É, pois, também dever de ambos se examinarem neste aspecto e em seguida decidirem, firmemente, diante do Senhor, abandonar tais males por atentarem contra Deus e o contra próprio casamento. E devem, ambos, praticarem a penitência efetiva, abandonando o mal na primeira oportunidade.
A penitência conjugal pode, providencialmente, ser até mais efetiva do que a penitência individual que cada um deve por sua vez fazer, porque um pode lembrar ao outro o seu dever da caridade e alertá-lo quando for indulgente para com o erro. Por isso que diz o Provérbio que melhor é serem dois do que um, porque um dá a mão quando o outro cai.
Quando os dois, marido e esposa, buscam a face de Deus com a resolução sincera de conhecer a vontade de Deus para suas vidas e, em seguida, de servi-Lo através de suas atitudes e palavras, eles encontram uma força imensa que os capacita e enfrentar as piores tempestades desta vida. Ao abrirem os olhos espirituais de sua fé, sendo guiados pelo impulso poderoso da afeição pelo que é verdadeiramente bom e justo, põem a Deus como o Senhor de seu casamento, e encontram no poder Divino todo o poder de que necessitam em suas vidas.
O espírito da Palavra de Deus nos ensina que a primeira coisa da verdadeira caridade é afastar os males como pecados contra Deus e o próximo e a segunda é fazer os bens do uso. E nos ensina que afastar o mal ou fazer penitência é a primeira coisa da caridade, e é também quando a Igreja ou a vida espiritual começa a existir na pessoa. Assim, quando um casal se examina à luz da Verdade, vê seus males e passa a combatê-los como pecados, formam, ambos, uma Igreja ou um homem espiritual e, realmente, um anjo em potencial. E sendo ambos a Igreja, o Senhor é o cabeça, o Senhor dessa igreja em particular que eles constituem.
A presença do Senhor nessa em particular, será a presença da justiça, da misericórdia, da retidão e de tudo o que é realmente humano e que estará diante do olhos do marido e da esposa. Não haverá jamais, entre os dois, disputa pela supremacia, nem servidão de um ou dominação do outro, pelo simples fato de que se ambos estão voltados para a Verdade, ambos quererão seguir a Verdade, a Razão e o Juízo, onde quer que estejam. E se um deles vê o que verdadeiro, racional e justo, o outro considera e aceita, não importa quem seja ele, marido ou esposa, porque a humilde aceitação da Verdade é a aceitação do Senhor, que é a Verdade mesma.
Esse processo continuado tende a integrar cada vez as mentes e os corações de ambos por toda a vida neste mundo. E como aqui se uniram tão intimamente em suas almas, nada poderá separá-los depois, porque serão uma só vontade, uma só carne, e o que Deus assim ajunta nada pode separar, e muito menos Ele, o Senhor, o separa depois da morte.
A idéia cristã de que a morte separa os cônjuges e finda os casamentos vêm de não terem compreendido a resposta do Senhor quando foi tentado pelos saduceus. A verdade Divina é clara e simples: não são mais dois, mas um só, como os anjos do céu, um ser masculino e um feminino que o Senhor uniu pelo amor e pelo entendimento, e fez que fossem como um. E o amor, que é uma forte atração, não é rompido, mas aperfeiçoado pela eternidade.
Mas quando o Senhor disse: “Não separe o homem o que Deus ajuntou”, ele estava falando de uma possibilidade real, porque essa união só pode ser desmanchada pelo próprio indivíduo que nela está, ou seja, pelo marido ou pela esposa mesmos, os dois juntamente ou cada um deles isoladamente. E se ambos não quiserem, nada poderá abalar a sua união. Portanto, o fim da união vem da própria pessoa quando não mais a quer e passa a colocar o seu próprio acima de tudo o mais, passa a ver seus interesses pessoais acima dos de seu cônjuge; a amar-se a si mesmo mais do que ao outro. Quando o indivíduo faz isso, está se separando, não só do cônjuge, mas, espiritualmente, de toda a humanidade e do Senhor mesmo, pois quer servir só aos seus amores. Por isso é que o Senhor faz o alerta: “Não separe o homem”.
Mas temos também o risco de nos separarmos não deliberadamente, mas por omissão. Quando ignoramos as verdades acerca do casamento espiritual, tal como nos foram reveladas na Palavra Divina em seu sentido espiritual, e não somos vigilantes contra os males que destroem o amor ao próximo e a caridade espiritual, ficamos à mercê de nossos próprios princípios ou nossas próprias idéias errôneas e estas, por sua vez, são comandadas pelo “eu” irregenerado. É por isso que, para evitar o perigo de errarmos também pela ignorância ou pela omissão, precisamos nos instruir a respeito do casamento verdadeiro.
Tomemos como exemplo dessa instrução a idéia de que o casamento é um processo que marcha lado a lado com a regeneração, cuja lei é clara, lógica e de uma simplicidade admirável: quanto mais nos aproximamos do Senhor e Sua justiça, mais nos aproximamos do cônjuge; e, ao contrário, quanto mais nos distanciamos da verdadeira caridade, mais nos afastamos do verdadeiro conjugal e, conseqüentemente, dos céus.
A instrução a respeito do casamento é importantíssima para nossas vidas, porque há arcanos que o Senhor revelou e devem ser conhecidos, pois nos dão base de atuação, são verdadeiros postes indicadores de caminhos que devemos tomar nessa progressão.
Tomemos o arcanos que é trazido no capítulo em que estamos nos baseando, do livro Amor Conjugal: é dito que essa inclinação de unir a si o cônjuge é constante na esposa, mas alternada no esposo. “Isto vem de que o amor não pode deixar de amar e unir-se para ser, por sua vez, amado; a sua essência e a sua vida não são outra coisa. Ora, as mulheres são nascidas amores, e os homens com os quais elas se unem para serem, por sua vez, amadas, são recepções. ...O amor é, sem cessar, atuante... daí vem que a inclinação para unir a si o esposo é constante e perpétua na esposa. Se no esposo não há semelhante inclinação para com a esposa, é porque o homem não é amor, mas é unicamente recipiente do amor. E como o estado de recepção está ou ausente ou presente segundo as mudanças de calor e de não calor na mente por diversas causas, e segundo os aumentos e diminuições de forças no corpo... segue-se que a inclinação a esta conjunção nos homens é inconstante e alternada” (Am.Con.160).
Poderemos entender melhor essa relação se pensarmos aqui na mulher como o sol e no marido como a terra. O sol constantemente emana para a terra o seu calor, porque o sol, por sua natureza, não pode deixar de aquecer, mas a terra recebe diferentemente conforme sua inclinação e sua proximidade do sol. A esposa, porque recebe de Deus o amor conjugal, ama o marido e ama seu casamento, se é sincera e procura o bem. Mas o marido, por ser receptáculo do amor somente segundo o amor que lhe vem da esposa, é inconstante na recepção pois sofre a variação do entendimento e da luz.
Se o marido tem entendimento da verdade, então saberá receber o amor da esposa e saberá retribuir esse amor, estimulá-lo, fortalecê-lo e instruí-lo com a sua sabedoria. E a esposa, se é sensata, procurará direcionar o entendimento do marido para a verdadeira sabedoria, porque assim ela será por sua vez amada. É, pois, um arcano para as esposas, que cabe a elas o dever de dirigir e moderar as afeições do marido quando estes começam a se voltar para o amor de si e o orgulho da própria inteligência. A esposa deve, com sensatez, prudência e sutileza, fazer que seu marido saiba que será tolo e néscio quanto mais se orgulhar de si próprio, e que será inteligente e sábio quando voltar seu entendimento para o bom uso. E o arcano para o marido é que ele deve cultivar na esposa o amor que, por natureza, ela recebe do Senhor, pois ele é responsável pela elevação do amor dela na luz dos céus.
Com essa interação perfeita, o marido se eleva em sabedoria pelo amor da esposa, e esta se aprofunda em amor pela sabedoria do marido, e ambos crescem e se fortalecem espiritualmente em poder e graça diante de Deus, como uma só mente espiritual.
E, o que é interessante, mesmo quando ainda não encontrou o seu par conjugal neste mundo, a pessoa pode entrar nesse estado e começar a desenvolver em si os fundamentos dessa união, preparar-se para esse estado de harmonia com a pessoa do sexo oposto que um dia encontrará, porque o Senhor, em sua sapientíssima Providência, faz que existam sempre pares conjugais, e a única forma de eles se encontrarem é aproximando-se ambos de um centro comum, que é o Senhor.
Quando ouve esses ensinamentos especialíssimos da Nova Igreja, há pessoas que dizem que tais coisas são ideais impossíveis de serem atingidos, muito distantes da realidade, quase contos de fada para serem vividos no céu, numa vida futura hipotética e muito distante. Mas não é assim. Esse pensamento é uma insinuação insidiosa e cruel dos infernos, que querem enganá-las e fazerem que pensem que tais bênçãos são boas demais para serem verdadeiras, e assim fazem que as pessoas esmoreçam e deixem de lutar por esses ideais. Não podemos nos deixar vencer, porque as coisas não são impossíveis e não são tão difíceis como se pode imaginar.
De fato, se parecem distantes da realidade é porque a realidade desse mundo é a realidade da morte, do pecado e da ignorância espiritual, e nós queremos nos transportar, pela regeneração, para a realidade dos céus, onde há o bem, a paz e o contentamento íntimo pela conjunção com o Senhor. E essa realidade do céu não está longe, lá em cima, mas aqui mesmo, dentro de nós; começa a existir aqui mesmo, neste mundo, quando o céu entra em nossas vidas através da caridade, a saber, quando, ao termos a oportunidade de pecar, usamos nossa liberdade espiritual e nos abstemos do mal, e voltando-nos para o Senhor. Ao fazermos isso, abrimos para nós as portas do céu; e quanto mais o fizermos, mais recebemos em nós o céu com toda a sua magnitude. Esta pode ser a nossa realidade, diferente da realidade do mundo à nossa volta, e a distância dela somos nós mesmos que determinamos.
Outra dificuldade vem do fato de pensarmos que nunca encontraremos alguém com quem podemos compartilhar tanta afinidade espiritual a ponto de sermos um. De fato, nunca encontraremos. Jamais encontraremos alguém pronto, acabado, um anjo para ser nosso cônjuge. Se assim fosse, não haveria casamento nem haveria a percepção de pertencemos a alguém e alguém nos pertencer. O que nós encontramos é alguém que, como nós, está disposto a construir o mesmo futuro, que deve ser construído a cada dia pelos dois juntos, num resultante crescimento de ambos.
O fato é que todo relacionamento humano tem de ser aprimorado, e o casamento é edificado a cada dia com a pessoa na qual enxergamos o potencial daquilo que buscamos isso se realizar, ao mesmo tempo, por nossa vez, procuramos contribuir para que, de nossa parte, possamos atender às expectativas honestas que aquela pessoa teve em relação a nós.
Lembremo-nos de que ninguém nasce regenerado, e por isso ninguém nasce sabendo amar e ser amado. Ninguém nasce sabendo casar e sobretudo, estar e permanecer casado. Isto se faz, se constrói e se consegue com as próprias mãos, pela graça de Deus, juntamente com a regeneração.
O segredo, se é que há, está na regeneração.
O erro cristão de que a salvação se dá instantaneamente, pela fé apenas e não por obras, ao invés de vê-la como um processo chamado regeneração, está ligado intimamente ao erro do mundo de que o casamento é um ato só, e de que se está casado e acabou, nada mais há a fazer. O pensamento cristão comum é de que a salvação é dada por Deus automaticamente no primeiro momento que se tem fé, quando, na verdade, a aceitação da fé é apenas o começo da salvação, que será o resultado de obra de Deus se completar em nós.
Da mesma forma, a idéia comum do casamento é de que a cerimônia nupcial é o ápice, a realização completa do casamento, quando, na verdade, ali apenas estamos começando a ser casados com alguém, e estaremos sendo cada dia mais casados, por assim dizer, mais unidos intimamente um ao outro, na medida que formos regenerados pelas verdades da Palavra do Senhor.
A frustração cristã quando se descobre que, apesar da crença de que se está salvo, os males permanecem ainda na vontade, é a mesma frustração de casais quando vêem os seus castelos sonhados se desmoronarem pela crua realidade da presença do próprio, dos amores de si,  do mundo e de dominar, em lugar do amor verdadeiramente conjugal.
Portanto, irmãos, tenhamos sempre em mente esta verdade fundamental das Doutrinas Celestes, pois ela é que corrige o conceito errôneo que o mundo nos deu sobre a santa instituição do casamento e nos prepara para vê-lo como realmente é: uma continuada inclinação de uma mente para outra, num processo constante: “Esta conjunção se faz progressivamente, desde os primeiros dias do casamento; e naqueles que estão no verdadeiro amor conjugal, ela se faz cada vez mais profundamente durante a eternidade”. ( Am.162). Amém.

Lições: Mateus 20; Amor Conjugal 162.