ENCONTRANDO FORÇA NO SENHOR

 

“Entrega o teu caminho ao Senhor;
confia n’Ele, e Ele tudo fará”.

Salmo 37:5

 

                        Às vezes a vida fica difícil. Nós sinceramente tentamos fazer o que é certo mas não parece que somos reconhecidos. Apegamo-nos aos nossos ideais, mas temos estes desafiados por todos os lados. Desejamos ter um sentimento de paz, mas não conseguimos nos libertar de nossas frustrações e ansiedades.
Vocês lembram da visão que João teve das almas debaixo do altar dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus, e ali esperavam pelo Juízo? E clamavam com grande voz, dizendo: até quando? Como essas, nós também clamamos: “Até quando Senhor? Até quando não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Ap. 6:10
Às vezes a vida parece ser mais do que podemos aguentar. Para onde podemos ir nesse momento? A resposta é para a Palavra do Senhor. A Palavra nos foi dada para nos ajudar em todos os estados de nossa vida. Ela fala às nossas dúvidas, ao nosso desespero, às nossas ansiedades. Os Salmos de Davi falam diretamente às nossas afeições. Em muitos dos Salmos, escutamos a voz do Senhor nos chamando na hora difícil, nos animando e nos dando esperança.
O texto de nosso Sermão foi tirado de um Salmo que especificamente nos encoraja a confiar no Senhor e encontrar coragem nova n’Ele para enfrentar o mal do dia.
O Salmo 37 promete que se nós entregarmos o nosso caminho ao Senhor e confiarmos n’Ele, Ele fará tudo. “Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e Te exaltará para herdades a terra” Salmo 37:34.
Seria interessante saber se estas verdades foram inspiradas pelo Senhor na mente de Davi; e tão belamente expressadas, quando Davi fugia de Saul em sua própria terra.
O jovem Davi, já tinha sido ungido pelo sacerdote para ser o próximo rei de Israel em lugar de Saul. Saul tinha sido rejeitado pelo Senhor por causa de sua ruindade, mas ainda reinava. Mesmo assim, Davi esperava pacientemente, embora já tivesse sido ungido no lugar de Saul e também fosse um herói popular.
Saul não era paciente. Momentos de depressão e de desconfiança fez com que Saul perseguisse Davi. O jovem príncipe fugiu para o deserto para salvar sua vida. Mesmo aí Saul tentou tirar-lhe a vida. E, em duas ocasiões o lugar dos dois foi revertido: O caçador virou caça. Duas vezes o Senhor pôs Saul sob a misericórdia de Davi. Mesmo com o pedido de seus oficiais e sua própria inclinação mais profunda, Davi não fez mal a Saul. “E disse Davi a Abisai: Nenhum dano lhe faças: por que quem estendeu a sua mão contra o ungido do Senhor, e ficou inocente? Disse mais Davi: Vive o Senhor, que o Senhor o ferirá, ou o seu dia chegará que morra, ou descerá para a batalha e perecerá. O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o ungido do Senhor” (I Samuel 26:9-11).
O que deu força a Davi enquanto Saul desejava tirar-lhe a vida foram as palavras do Senhor, motivando-o para que tivesse paciência, controle e confiança. “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia n’Ele, e Ele tudo fará” (Salmo 37:7-9).
Esse Salmo é profético do fim de Saul. Pois é dito que “os ímpios puxaram da espada ... para matarem os de reto caminho. Mas a sua espada lhes entrará no coração” Salmo 37:14,15. Assim Saul morreu, caiu sobre sua própria espada, quando cercado pelos seus inimigos, os Filisteus.
A falta de agressão de Davi foi justificada. Obedecendo ao Senhor, proibindo qualquer ato contra Saul, ele agora recebia seu lugar como Rei de Israel.
A presença do mal em formas de desordem manifestas no mundo não pode ser duvidada. Estamos mais ainda cientes disso em nossos próprios momentos difíceis. Cada idade tem seus problemas, suas ofensas e seus males. O Senhor mesmo avisou Seus discípulos: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daqueles por quem vierem!” Lucas 17:1. O problema está em nossa reação a estes.
O mal não deve ser enfrentado com o mal; violência com violência; ou ódio com vingança. Como lemos: “Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre... porque o Senhor ama a justiça e não desampara os Seus santos” Salmo 37:27.
Existe uma maneira ordenada de se reagir ao mal. Se essa maneira for observada, a qual é a maneira do Senhor, os retos encontrarão a proteção da Divina Providência. “O Senhor não desampara os Seus santos; eles são preservados para sempre” Salmo 37:28.
Esse Salmo ensina que o Senhor tem todo poder para governar. Essa confiança nos dá força nos momentos de dificuldade. A confiança daquilo de que precisamos está dentro de nós: “de deixar a ira e abandonar o furor; de não invejar os trabalhadores da iniquidade. Não devemos deixar as provocações e injustiça destruir nosso raciocínio; nem devemos deixar o desânimo enfraquecer nossa fé na Divina Providência.
Se nós entregarmos o nosso caminho ao Senhor, nos esforçando para vivermos dentro dos limites de Sua Ordem, seremos protegidos de dano espiritual. Podemos confiar que o Senhor proverá para o bem-estar eterno de todos os que assim vivem. Assim o Senhor ensinou: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” Mateus 5:39. Nós temos a tendência a sermos impacientes, fracos em confiança; facilmente levados a reações repentinas. Parece ser tão difícil esperar no Senhor e entregarmos o nosso caminho ao Senhor. Mesmo assim o Salmo diz: “Nota o homem sincero, e considera o que é reto, porque o futuro desse homem será a paz” Salmo 37:37.
A verdade não deve ser mal entendida. Não resistir ao mal não quer dizer a falta de ação. É considerado ação ser levado sem malícia e sem vingança. Entregar o nosso caminho ao Senhor significa defender-se do mal e malfeitores, mas no Espírito do Senhor. E não a aceitação fatalística dos acontecimentos ou uma confiança completamente passiva. Entregar o nosso caminho ao Senhor significa lutar contra o mal de acordo com as leis da Ordem, com confiança no Senhor.
Por exemplo, nós não só podemos como devemos defender o nosso país de ofensores. O juiz pode condenar um criminal. Isso é bem claro.
A confusão surge quando a causa da justiça parece perdida à frente dos nossos esforços; quando o caminho da justiça e verdade parecem não funcionar ou são inadequados. Aí então podemos achar justificável usarmos de outros meios: como o de usar o fogo contra o fogo, ou combater o mal com a vingança e etc.
É justamente então que devemos lembrar da lição do Senhor de confiança, paciência e controle. “Descansa no Senhor, e espera n’Ele, não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho... deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes para fazer o mal” Salmo 37:7,8. Aqueles que podem encontra a paz no Senhor no momento de adversidade “não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão.” Salmo 37:19.
Logo, Davi, estava satisfeito com que seu adversário, Saul, não fosse ferido; embora isso significasse que ele teria que continuar a viver como fugitivo. Teria sido uma afronta ao uso Divino representado no ofício de realeza se Davi tivesse tentado resolver as coisas por si mesmo e destruído a Saul. Os Escritos nos ensinam que o ofício de realeza “é santo, qualquer que seja a qualidade daquele que exerce este ofício” AC 3670:2. Davi estava se comportando de acordo com a Lei Divina no que diz respeito ao ungido do Senhor e preservando sua vida.
O verdadeiro combate de Davi não era com Saul mas consigo mesmo. Pense na luta de sua alma em tentar desistir da ira e superar a provocação de Saul.
O mesmo acontece em nossa vida. Nossos piores perigos vêm de dentro e não de fora. “E digo-vos, amigos meus: não temais os que matam o corpo, e depois não tem mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei” Lucas 12:4,5. Não é o que vem de fora que contamina o homem, é o que vem de dentro de seu coração - males de todo tipo.
Quando estamos envolvidos demasiadamente com as forças do mundo, devemos fugir das inclinações de lutar contra o que é mal, procurando um olho por olho e um dente por dente, de acordo com a lei dos infernos. mas devemos, mais do que nunca, pôr nossa confiança no Senhor e, assim, entregar o nosso caminho a Ele. Pois o Senhor é a nossa força na hora de dificuldade.
Existe também um sentido mais profundo em que o Senhor é a nossa força. Todas as coisas da Palavra se aplicam a nós. Olhemos outra vez para esse Salmo de confiança para vê-lo em uma nova luz.
Existe um Saul em cada um de nós. Um rei invejoso que não deseja que ninguém entre em seu caminho. A maldade e a opressão de que se trata em nosso Salmo reina em nossos próprios corações. As Doutrinas Celestes chamam este rei de nosso proprium hereditário. O amor de si é o rei em nossos corações. Como Saul, esse rei também procura matar seus sucessores. Davi, que era o sucessor de Saul, representa uma qualidade de vida diferente, um Rei mais verdadeiro e poderoso para a nossa vida a quem o Senhor ungiu.
As Doutrinas Celestes identificam Davi como o nosso entendimento racional de princípios espirituais. Saul, por outro lado, representa o governo por princípios naturais e inclinações naturais.
Podemos ver a diferença. A nossa vida é governada por Saul quando agimos de acordo com o que parece bom para nós; quando fazemos o que queremos. Lembram-se dos atos de desobediência de Saul? Ele tomou a lei em suas próprias mãos para conseguir o que queria e pensava que poderia consertar a situação com atos externos piedosos. O sacerdote Samuel descreveu o problema de Saul quando disse que “obedecer é melhor do que sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros... Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo: porquanto rejeitastes a palavra do Senhor, já te rejeitou o Senhor, para que não sejas rei sobre Israel”. Samuel 15:22,26. Um novo Rei era necessário, um novo tipo de governo.
Davi representa a vida que é disciplinada pela lei espiritual. O Senhor quer que a nossa vida seja governada pelas verdades da caridade reveladas a um entendimento perceptivo.
Mas o velho rei se segura, assim como a inveja se segura à força da vontade própria. Ele se sente ameaçado pela nova força de doutrina que vem através de um entendimento mais profundo da Lei Divina. Davi, que era matador de gigantes, demonstrou uma força superior à de Saul. E foi dito na terra, “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” I Sam. 18:7, aumentando assim a inveja de Saul.
Esta nova visão de verdade da Palavra brilha em grande contraste em comparação com os desejos de nossa velha vontade. Idealmente falando, queremos trocar a vontade própria com uma vontade nova do bem que nasce em nosso entendimento, mas não é apropriado que Davi mate a Saul. A transição de poder deve acontecer gradualmente e livremente. Nossos amores procedentes não podem ser assassinados ou expulsos imediatamente. Eles são modificados vagarosamente com dor e paciência.
Sabemos que é impossível convencer uma pessoa contra sua própria vontade. Quando o calor do amor de si é abanado para voltar a atividade, nenhuma quantidade de argumentos e raciocínio apagará a chama. A verdade será negada ou pervertida. O mesmo acontece no mundo de nosso próprio espírito. Se tentarmos vencer as inclinações de nossa vontade com os argumentos da própria inteligência, com certeza não teremos sucesso. Só o Senhor pode efetuar a mudança. Não podemos levantar a mão contra nós mesmos sem a ajuda do Senhor. Consequentemente, devemos esperar no Senhor e entregar nosso caminho a Ele.
Certamente temos que fazer nossa parte. Devemos cooperar com o Senhor, respondendo à Sua orientação em nos preparar para uma nova vida. A lição essencial é que não podemos salvar a nós mesmos. Podemos perder o ânimo com o nosso pequeno progresso ou ficarmos irados por falta de progresso. Esse é o estado de nossa vida pessoal ao qual fala o Salmo 37. Nele escutamos o Senhor nos aconselhando a confiar em Sua força. Na nossa vida de regeneração, devemos aprender a entregar o nosso caminho ao Senhor, confiando que Ele tudo fará, e não nós mesmos.
No que refletimos sobre tudo isso, a verdade de nossa fraqueza ressoa em outro Salmo, onde lemos: “Não há rei que se salve com a grandeza dum exército, nem o homem valente se livra pela muita força... A nossa alma espera no Senhor: ele é o nosso auxílio e o nosso escudo” Salmo 33:16,20. O Senhor é a única verdadeira salvação e força para o homem.
Às vezes a vida fica difícil. Isso com a permissão e misericórdia do Senhor. Temos que enfrentar males em nós que parecem muito grandes para nós. Um uso é previsto pelo Senhor. Nós temos a oportunidade de aprender uma nova confiança. Podemos entregar o nosso caminho ao Senhor com alívio e humildade. Então vem a esperança. Pois, “a salvação dos justos vem do Senhor; Ele é a sua fortaleza no tempo de angústia. E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam n’Ele”. Salmo 37:39,40. Amém.

Lições:1. I Sam. 26:1-12
2. Salmo 37:1-11,23,24,34-40
3. AC 8455

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Doutrina da Fé 36: “O universal da fé cristã da parte do homem é que ele deve crer no Senhor, pois por crer no Senhor é efetuada conjunção com Ele, da qual vem a salvação. Crer n’Ele é ter confiança de que Ele salva, e ninguém pode ter essa confiança a não ser aquele que vive retamente, consequentemente, isso também quer dizer crer n’Ele.

 

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