O que celebraremos no NATAL

Sermão pelo Rev. Cristóvão R. Nobre

"E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a Quem aguardávamos, e Ele nos salvará; este é JEHOVAH, a Quem aguardávamos; na Sua salvação gozaremos e nos alegraremos"

Isaías 25:9

Esta profecia do Antigo Testamento nos diz que existiria gozo e alegria na celebração da vinda do Senhor. Há várias razões de contentamento na comemoração do natal, mas uma só é a razão genuína: é porque, na noite de natal, o próprio Deus, Criador do Universo, JEHOVAH, veio a este em mundo em um Humano natural, para nos salvar de nossos pecados. Este deve ser o nosso real motivo de celebração do natal.
Este doutrinal, de que Jesus é Deus conosco, baseia-se em muitos ensinamentos claros na letra da Palavra e é corroborado pelos ensinamentos das Doutrinas do sentido espiritual. Vejamos, por exemplo, em Isaías, o texto básico de nossa lição: "E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a Quem aguardávamos, e Ele nos salvará; este é JEHOVAH, a Quem aguardávamos; na Sua salvação gozaremos e nos alegraremos" (25:9).
Esta profecia nos fala claramente que o Messias esperado seria o próprio Deus, JEHOVAH, em cuja salvação haveria gozo e alegria. JEHOVAH havia de trazer a salvação, sendo Ele mesmo, JEHOVAH, o Salvador, numa aparência visível, a pessoa Divina que Se manifestava em Jesus, sem haver necessidade de outra.
É o que está dito de modo igualmente claro no mesmo profeta: "Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o Seu nome EMANUEL" (7:14). O Filho nascido de uma virgem seria Emanuel, ou seja, "Deus conosco". Este nome foi dado para que não houvesse dúvida de que Aquele que nasceria aqui era realmente Deus entre os homens e não uma outra pessoa. Como é dito no mesmo profeta, enfatizando este fato: "Porque um menino nos nasceu, um Filho se nos deu;... e o Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz" (9:6). O próprio Menino e Filho nascido da virgem era, ao mesmo tempo, Pai e Deus, uma mesma e única pessoa, "JEHOVAH, a quem aguardávamos", Pai da Eternidade, Criador e Todo-poderoso.

Quando chegou o dia do cumprimento dessas e outras tantas profecias da antigüidade, o Menino nascido recebeu o nome de Jesus, que é a forma grega de JEHO-SHUA, que significa: JEHOVAH SALVA. Quer dizer, JEHOVAH Mesmo estava agora cumprindo Sua promessa benigna de nascer neste mundo para salvar o homem.
Muitos dos judeus compreenderam esta realidade e, por causa dessa fé, vieram a constituir a Igreja Cristã. Tomé, o tardio em crer, finalmente viu o significado da vinda de Jesus a este mundo e disse a Ele: "Meu Senhor e meu Deus". João, que foi íntimo do Senhor, escreveu anos mais tarde em sua epístola: "Jesus Cristo... este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (I João 5:20). Paulo, ainda que não tivesse andado com o Senhor como um dos Seus discípulos, compreendeu perfeitamente que Jesus Cristo era a manifestação visível do Ser Infinito, pois também escreveu aos colossenses a respeito de Jesus: "Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Col. 2:9).
É esta a visão e a idéia de Deus que foi e está agora restaurada pelo Senhor nas Doutrinas que nos revelou através do Seu servo Swedenborg. É a idéia de que existe um Só Deus em que está a Divina Trindade de atributos (não de pessoas), e este Deus é o Senhor Deus Jesus Cristo, Ele mesmo sendo Pai, Filho e Espírito Santo, Ele mesmo sendo Criador, Redentor e Salvador. Não há outro além dEle, como disse a Israel: "Ouve, ó Israel, JEHOVAH nosso Deus é o único Senhor" (Deut.6:4). Como também Ele Se apresentou em Patmos a João, agora no corpo Humano que tomou no espaço e no tempo e glorificou, dizendo: "Eu Sou o Primeiro e o Último" (Apoc.1:17).
Não há, portanto, outra pessoa divina a não ser o Senhor Deus Jesus Cristo. "Deus Justo e Salvador, não há outro". Olhando para o Senhor Jesus Cristo, pensando em Seu Advento, vêm aos nossos corações as palavras do profeta: "Eis que este é o nosso Deus, a Quem aguardávamos, e Ele nos salvará; este é JEHOVAH, a Quem aguardávamos; na Sua salvação gozaremos e nos alegraremos" Isaías 25:9
Assim, esta idéia a respeito de Deus não pode deixar de modificar todo o conceito que formamos do natal. Porque o nascimento ou Advento do Senhor não é um fato comum da história, que possa passar despercebido. Também não é a inspiração de sentimentos vagos de fraternidade, mas, sim, a vinda tão esperada do próprio Deus Eterno, JEHOVAH, que, mesmo sendo Criador, fez-Se também criatura ao criar para Si um corpo natural frágil e débil que podia ser tentado e, por esse meio, sair vitorioso para resgatar, por suas vitórias, as almas dos homens.
O próprio Deus, a própria Divina Verdade, "fez-Se carne e habitou entre nós" (João 1:14). E Ele não tinha necessidade disso. Por Si mesmo, não precisava fazer tamanho sacrifício de limitar-se no espaço e no tempo, deixar a glória e vir à terra, humilhar-Se, ser alvo de escárnio e rejeição. Contudo, por amor, por Seu profundíssimo amor ao homem frágil que se desviara, Ele quis realizar essa obra, sem a qual a raça humana pereceria. Ele, que criou o homem, teve ainda de depois pagar o preço para resgatá-Lo, para tomar de volta o que era Seu. E nasceu no plano mais baixo da condição humana justamente para que pudesse, em Sua elevação, erguer consigo os que haviam caído, sustentar os fracos, livrar os cativos, dar esperança aos miseráveis e salvar os que nEle aguardavam.
"JEHOVAH Deus, Criador do Universo, desceu e tomou o Humano para redimir e salvar os homens", lemos em VRC 82. Redimir e salvar são obras distintas, portanto, que não devem ser confundidas. Redenção foi somente a restauração da liberdade espiritual, a libertação de um cativeiro mental do qual ninguém podia escapar sozinho. O Senhor redimiu a todos de uma vez, entretanto não os salvou igualmente, pois que a salvação é obra pessoal que depende do exercício da liberdade por parte do homem. O Senhor espera que a raça humana redimida venha a exercer seu direito de escolha para preferir a salvação e não a morte eterna. Assim como Ele venceu os infernos no plano geral e resgatou a raça humana, Ele vence os males e cobiças em cada coração, libertando-o igualmente do pecado e dando-lhe a verdadeira vida.
Assim, a obra que o Senhor veio realizar só se completa através da regeneração de cada indivíduo. Pela regeneração, ou novo nascimento, a pessoa reencontra o sentido da existência humana e se põe em condições de cumprir os propósitos Divinos para os quais foi criada, meio pelo qual ela obtém eterna felicidade.
Como prometera, o Senhor nasceu neste mundo e ensinou as verdades que podem conduzir o homem ao bem da vida. Por este nascimento Ele Se fez presente no plano natural, como Deus Homem, com toda e qualquer criatura humana, mesmo as que não crêem nEle. Mas o Seu Advento só se dá, realmente, com aqueles que O recebem. "São os que crêem nEle e cumprem Seus mandamentos" (VRC 754). Parece que a presença e o Advento são coisas iguais, mas há uma diferença: para muitas pessoas, o Senhor, o nascer neste mundo, apenas Se fez presente. Mas para outras, o Senhor nasceu, fez-Se presente e foi então recebido em suas vidas para que pudesse operar nelas a regeneração e salvação. Para aquelas, o Senhor não chegou ao fim do caminho, isto é, ao coração delas porque elas não O permitiram. Mas para estas, o Senhor de fato fez Seu Advento, chegou ao Seu objetivo, nascendo também nos corações e nas vidas. E o modo pelo qual essas receberam o Senhor em Suas vidas foi através da prática constante de Seus mandamentos.
Devemos ter um profundo sentido de humildade diante desta grandiosa obra que Deus realizou, em vir ao mundo para nos salvar. Devemos ser eternamente gratos a Ele por isso, ainda que não possamos jamais retribuir o que Ele fez. E devemos celebrar com alegria a Sua vinda, pelo que ela representa para nós e todo a raça humana. Por isso é que celebraremos o natal com regozijo, alegrando-nos em nossos corações, pelo que essa data representa para nossa ventura espiritual.
Mas, para que nossa alegria seja real, devemos, ao mesmo tempo, permitir que Ele efetivamente faça o Seu Advento em nós, submetendo nossa vontade e nosso entendimento aos Seus preceitos. Assim poderemos validar em nosso coração o Seu natal e assim Ele poderá realmente estar em nossas vidas, não só numa data, mas a cada dia por toda eternidade.
Quem fizer isso, poderá de coração proferir, neste dia, as palavras do profeta: "Eis que este é o nosso Deus, a Quem aguardávamos, e Ele nos salvará; este é JEHOVAH, a Quem aguardávamos; na Sua salvação gozaremos e nos alegraremos" -Isaías 25:9. Amém.
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