O PROMETIDO REINO DE DEUS


Sermão pelo Bispo George de Charms


“Em verdade vos digo, que esta geração não passará,
até que todas estas coisas aconteçam”.

(Marcos 13, 30)

A primitiva Igreja Cristã foi estabelecida sobre a fé segura de que o Reino de Deus estava, com efeito, à mão, e sobre o desejo ardente de que ele viesse prontamente. Pois não era este o Cristo a cuja vinda, conforme fora predito pelos profetas, sempre esteve associado o começo de um Reino Eterno? Não era este Aquele a quem Daniel falou, dizendo:
“Eu vim em visões de noite e, eis, um como o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu; e foi-lhe dada dominação, e glória, e um reino para que todos os povos, nações e línguas O sirvam; Sua dominação é uma dominação eterna, a qual não passará; e Seu reino não se destruirá”. (Daniel 7, 13-14)
Não era deste reino eterno que João falava quando procurava voltar “o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais”, dizendo: “Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus?”
Esta fé no imediato estabelecimento do reino do Senhor sobre a terra foi fortalecida e confirmada pelo próprio ensino do Senhor. Ele disse a Seus discípulos: “Em verdade vos digo, que há alguns dos que aqui estão que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do Homem no Seu Reino” (Mateus 16,28). E outra vez, falando do julgamento que viria sobre os escribas e fariseus, no último dia, por sua hipocrisia e maldade, Ele disse: “Em você vos digo, que todas estas coisas virão sobre esta geração”. E quando Seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: “Diz-nos, quando acontecerão estas coisas?, e que sinal haverá quando todas estas coisas forem cumpridas?” O Senhor, tendo descrito, em ordem, os acontecimentos do Julgamento Final, respondeu: “Em verdade vos digo que esta geração não passará, até que estas coisas aconteçam”.
Esta promessa foi tomada ao pé da letra na Primitiva Igreja Cristã. A vinda do reino de Deus era ansiosamente esperada. Assim, Paulo, encerrado na prisão em Roma, escreveu a Timóteo, que nessa ocasião estava na cidade de Éfeso, dizendo: “O Senhor me libertará de todo mal, e me preservará para Seu Reino celeste, a quem seja a glória para sempre e sempre” (II Timóteo 4,18). E o apóstolo João, na Ilha de Patmos, escreveu a respeito “das coisas que muito brevemente aconteciam”, e denominou-se “irmão e companheiro na tribulação, e no reino e paciência de Jesus Cristo. A princípio, acreditava-se confiantemente que a Segunda Vinda seria efetuada durante a vida natural de alguns dos que tinham visto e conhecido o Senhor na carne; e todos ansiosamente aprontavam e preparavam todas as coisas, tendo em vista a vinda daquele dia, orando para que fossem então preservados para ver a glória do Senhor em Seu Reino.
Foi somente quando esta possibilidade passou que se começou a procurar uma significação mais profunda para as palavras do Senhor. Foi somente quando o tempo de espera já se tinha dilatado além de toda expectativa, que se julgou necessária uma interpretação simbólica da Escritura. Muitas e variadas foram as tentativas para explicar de outra forma a promessa formal do Senhor, à medida que os anos foram se dilatando em séculos, e a profecia, segundo toda aparência externa, ia ficando sem cumprimento. Mas em todas essas tentativas, os homens procuraram sempre encontrar o seu cumprimento em acontecimentos naturais. Houve os que sustentavam que o Senhor se referia à destruição de Jerusalém que, de fato, teve lugar na época em que ainda viviam alguns daqueles a quem o Senhor falara. Mas as mudanças estupendas profetizadas para aquele dia não tiveram lugar. O Senhor não fez, então, a Sua Segunda Vinda. Nem estabeleceu naquela ocasião um reino que correspondesse aos requisitos da profecia.
Associando o prometido Advento com alguma outra ocorrência mundana, e ligando-o a outros ensinamentos dos profetas e do próprio Senhor, inúmeras teorias têm sido aduzidas, pelas quais a data e a época do Julgamento Final poderiam ser fixadas. Levantaram-se seitas, sustentando como um essencial da fé, a necessidade de imediata preparação para aquele dia longamente esperado. De tempos em tempos, temores e ansiedades largamente espalhados têm-se apoderado fortemente dos crentes cristãos, como antecipação dos tremendos acontecimentos preditos para anunciar a vinda final do reino de Cristo.
Sobre o cumprimento desta profecia têm repousado as mais altas esperanças dos cristãos. Ela tem sido essencial à preservação da vida e do bem-estar da Igreja através de toda a sua história. Tão fortemente implantada estava na Primitiva Igreja Cristã, a idéia de uma Segunda Vinda que, ano após ano, os homens apegaram-se tenazmente à esperança de seu cumprimento. Tão vital é ela à conservação da fé cristã que um observador recente atribuiu o rápido declínio da Igreja, nestes tempos modernos, ao desengano final de se estabelecer, razoavelmente, a veracidade das palavras do Senhor sobre a Segunda Vinda.
O erro, porém, não se encontra nas palavras do Senhor. Está, ao contrário, na falsa interpretação que os homens lhe deram. Pois Ele não falou de qualquer acontecimento terreno. Falou de uma vinda espiritual, de um julgamento espiritual que então seria executado, e na plenitude do tempo espiritual, quando o estado interno do mundo estivesse preparado. “Em verdade vos digo, esta geração não passará, até que todas estas coisas aconteçam”.
No sentido mais externo, por “esta geração” o Senhor fazia referência à nação judaica que devia ser preservada, como um povo distinto, ainda que espalhado entre todas as nações da terra, até o tempo da Segunda Vinda. Isto devia ser feito por causa da Palavra do Antigo Testamento, para que ela não se perdesse. Pois estava predito que os cristãos, especialmente aqueles que procediam de novos gentios, não a considerariam com santidade suficiente para ser estimada e preservada. E, com efeito, assim aconteceu; pois a história registra que, se não fosse o zeloso cuidado e o devotado labor do povo judaico durante a época anterior ao aparecimento da imprensa, as Escrituras Hebraicas se teriam, em grande parte, perdido para a posteridade.
Em um sentido mais interno, nenhuma geração natural é mencionada, mas uma geração espiritual. Os estados de amor e de sabedoria sucedem-se uns aos outros na mente humana, de uma maneira inteiramente comparável às gerações externas. Do bebê sai a criança. Da criança desenvolve-se o jovem. Do jovem levanta-se o homem maduro. Os estados de vida pelos quais passa o indivíduo reproduzem-se na história da humanidade. As afeições da infância que desaparecem e os deleites da juventude que perderam seus atrativos são como gerações que se foram. Elas deixaram uma impressão indelével na mente, que é moldada de acordo com a forma que elas aí estamparam. Deriva-se dessa impressão uma hereditariedade pela qual suas características são inevitavelmente fixadas. Portanto, no sentido espiritual, não é um tempo medido em anos, nem é confinada a uma dada geração de homens, mas significa a duração de um estado único, a permanência de um dado amor com os prazeres correspondentes. E como tal amor pode passar de uma geração natural para outra, ele poderá permanecer com os homens por um longo período da história.
Assim, no caso que temos diante de nós, o Senhor estava se dirigindo a Seus discípulos, nos quais havia se estabelecido um amor a Jesus Cristo como seu Salvador. Daí havia se originado uma fé simples que dava qualidade essencial ao estado de suas mentes, o qual, espiritualmente considerado, constituía a verdadeira cristandade a ser fundada por intermédio deles. Foi transmitindo essa crença fundamental no Senhor que a Igreja Cristã se espalhou entre as nações da Europa. Esta fé do amor era a alma e a vida daquela Igreja, fé pela qual tal Igreja devia ser para sempre distinguida e separada de todas as outras na história do mundo.
Era necessário que esta fé simples fosse preservada até que o Senhor pudesse fazer o Seu Segundo Advento. Pois no dia em que ela se perdesse, a cristandade chegaria ao fim. Sobre essa fé, então, o Senhor falou, em termos da linguagem natural, como uma geração cuja preservação Ele predisse: “Em verdade vos digo, que esta geração não passará, até que todas estas coisas aconteçam”.
Uma crença simples no Senhor Jesus Cristo, como Redentor da humanidade, e como Salvador do mundo, devia ser preservada durante todo o declínio da Igreja Cristã, até a sua consumação e ao começo de uma nova Igreja. O mesmo está contido nas palavras do Senhor ao discípulo amado, depois da ressurreição:
“Pedro, voltando-se, viu o discípulo a quem Jesus amava, seguindo-os (...) e disse a Jesus: Senhor, o que será feito deste homem? Jesus disse-lhe: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Então se espalhou este dito entre irmãos, que aquele discípulo não morreria, contudo Jesus não lhe disse que ele não morreria, mas: se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?” (João 21, 20-23)
Por João, o discípulo amado, é aqui representado o mesmo que pela “geração” que não devia passar; isto é, o amor essencial ao Senhor entre os simples de coração, de onde provinha a crença na Divindade e no poder salvífico do Senhor Jesus Cristo, que devia ser preservada até o dia do Julgamento Final e a vinda do Salvador.
O Senhor, por Seu Advento ao mundo no corpo natural, executou plenamente o trabalho da redenção. Tomou sobre si todo o poder no céu e na terra. E assim quando ressuscitou, estava completamente apto a estabelecer Seu Reino como uma dominação eterna. Potencialmente, este reino já estava estabelecido. E por esta razão os profetas do Antigo Testamento falaram dele como sendo fundado pelo Senhor quando veio à terra a Sua Segunda Vinda ficou então para sempre assegurada.
Por culpa do homem, a semente da corrupção tinha sido plantada na raça, resultando daí o seu declínio gradual — um lento, mas persistente afastamento do Senhor — que foi predito nas Escrituras. Assim também, pelo Advento do Senhor no mundo, a inevitável decadência e morte que devia resultar do aumento do mal implantado entre os homens, foi entravada, e uma nova vitalidade foi infundida. No corpo doente da raça, a crise foi vencida e a convalescença começou.
Mas o restabelecimento não podia ser instantâneo ou miraculoso. Devia efetuar-se por processos preestabelecidos, previstos e providos pelo Senhor. O restabelecimento final estava, com efeito, assegurado; mas não podia se realizar sem trabalho e sofrimento. Por essa razão foi previsto que a Igreja que ia ser fundada pelo Senhor, naquela época, não seria o verdadeiro reino de Deus. Seria uma Igreja temporária, preparatória, que daria lugar, finalmente, a outra, onde os frutos genuínos da Divina Redenção poderiam amadurecer. E, por isso, o Senhor disse que viria outra vez a fim de estabelecer o Reino de Deus. Predisse que haveria um Julgamento Final sobre ela, e uma Nova Igreja seria estabelecida antes que os benefícios completos de Sua encarnação pudessem ser recebidos pelos homens. Mas durante o período de declínio da Igreja, Ele prometeu preservar alguma coisa da religião espiritual, até que a Sua Segunda Vinda pudesse se realizar. “Em verdade vos digo, esta geração não passará, até que estas coisas aconteçam”.
Devemos aceitar que a Igreja Cristã, desde o seu início, já estava condenada ao fracasso? Num certo sentido, de fato, isso é verdade, mas não como ordinariamente se compreende. Temos considerado a palavra “geração” como representando espiritualmente um estado de vida. Se considerarmos toda a raça humana como um Grande Homem (Macro-Homo), e a história da humanidade como a de seu crescimento e desenvolvimento, então cada Igreja criada pelo Senhor, representa um estado geral de sua vida, uma “geração” única. E assim também podemos considerar a Igreja Cristã.
A respeito do homem, individualmente considerado, podemos dizer que o Senhor ao criá-lo, tinha plenamente a intenção de que ele crescesse, passasse através dos estados sucessivos da infância, meninice e juventude até atingir a plena maturidade, que é o estado em que ele pode ser convenientemente preparado para entrar em período de atividade útil ao próximo neste mundo, e em uma eternidade de usos espirituais no mundo futuro.
Assim, pode-se dizer que está preestabelecido que a infância, depois de completado o seu ciclo, dê lugar à meninice; que esta, por sua vez, não permaneça para sempre, mas ceda o lugar para a juventude; e que esta, finalmente, sirva apenas como um estágio de preparação para a idade final da plena maturidade e responsabilidade racional. Esta completa racionalidade é o fim em vista, ou alvo, em tudo o que ficou para trás. Pois por meio desta, o homem se torna perfeitamente a imagem de Seu Mestre, e é capaz de gozar as bênçãos da misericórdia do Senhor em um grau impossível de atingir no período formativo de seu crescimento e desenvolvimento. Por conseguinte, a pressão da mão Divina visa o objetivo final da completa maturidade.
Como acontece com o indivíduo, assim também acontece com a raça. A Divina Vontade, a Divina Providência, quer que a raça cresça; deseja conceder a Sua própria Vida ao Macro-Homo em escala sempre crescente até alcançar o estado em que o Senhor possa ser recebido em sua mente racional, até que seja dotado da possibilidade tanto de entender quanto de crer até que possa ser dotado com o poder do julgamento racional e de desempenhar os usos interiores que esse julgamento permite.
É para alcançar esse fim que as operações da Providência têm sido orientadas desde o começo dos tempos. A Divina Misericórdia do Senhor tem conduzido a raça humana através de todas as vicissitudes de seus períodos preparatórios e formativos, até que, em Sua Segunda Vinda Ele a trouxe, finalmente, ao estágio de uma recepção verdadeiramente adulta das coisas da religião. Agora, pela primeira vez, é permitido entrar intelectualmente nos mistérios da fé. Agora, pela primeira vez, pode a própria verdade do céu tornar-se conhecida na luz natural, ser entendida e compreendida de um modo natural, pelos homens da terra. E para este fim foi dada, por último, uma Coroa da Revelação, cuja recepção foi preparada por tudo que a precedeu.
A Antiqüíssima Igreja é comparada (nos Escritos) à infância, à idade de ouro da raça, em que reinava a inocência. Quando esta idade chegou ao fim, seguiu-se a meninice, e com ela o estabelecimento da Antiga Igreja que declinou gradativamente até que, na nação judaica, ela se transformou em um mero representativo de Igreja. Com a vinda do Senhor à terra, a meninice foi substituída pela juventude, e com ela veio a primeira abertura do racional e o começo da percepção interna.
Ora, há uma marcante semelhança entre a mudança espiritual que o Senhor operou no Macro-Homo por meio da Igreja Cristã e a introdução na maturidade através da adolescência. O característico dessa idade no indivíduo é o grande interesse pelos conheci-mentos científicos, de que o homem se embebe como preparativo da plena abertura da mente racional. Nesse período ele é inspirado pelo zelo e a ambição. É inflamado por entusiasmos que, entretanto, não são temperados pela sabedoria. O jovem é impetuoso e incontido. Há então um renascimento dos primitivos ideais, de afeições profundamente enraizadas, as quais tinham sido armazenadas, como relíquias, durante a infância e a meninice. Há um desejo de independência e de liberdade de pensamento e de ação. As afeições dominantes são, entretanto, afeições naturais. Nessa idade, mesmo as coisas espirituais da Igreja são, pela maioria, concebidas apenas naturalmente. A mente é facilmente levada por amores e aspirações externas, e as coisas do mundo exterior apresentam os mais sedutores atrativos.
Contudo, o Senhor usa estas afeições naturais para preparar o caminho, para vencer os obstáculos, para afinal alcançar uma fé mais estável que precisa ser mantida. Por elas, o homem pode ser estimulado para empreendimentos mais altos; pode ser sustentado com paciente esforço; pode ser introduzido nos usos externos, e sua mente pode ser provida com uma grande abundância de materiais que mais tarde se tornarão de vital importante para a abertura de sua vista espiritual, e para a aquisição de um entendimento racional das coisas da religião.
Não pode haver racionalidade alguma antes que os conhecimentos tenham sido adquiridos. Nenhum julgamento verdadeiro pode ser exercitado enquanto os fatos não tenham sido estabelecidos e conhecidos. Nenhuma verdade espiritual pode ser racionalmente percebida, a não ser em alguma idéia natural, o que faz com que os conhecimentos externos sejam essenciais. Sem o conhecimento das coisas externas e naturais, implantado na juventude como resultado de ambições externas que então se levantam, não haveria base para aprender as coisas celestes e abstratas que pertencem ao homem espiritual. Pois o natural é como uma fundação sobre a qual o espiritual deve repousar, e esta fundação deve ser lançada primeiro.
Nesta descrição do estado da juventude pode-se discernir prontamente muitas das características principais da Primitiva Igreja Cristã. E o grande desenvolvimento que se seguiu ao Primeiro Advento do Senhor no mundo, eloqüentemente proclama o fato de que o estado e a idade que a Primeira Igreja Cristã representa na história da raça pode ser comparado ao estado da adolescência e da juventude. É evidente, por isso, que este estado não era destinado pelo Senhor a permanecer para sempre. O propósito de Sua Vinda não podia ser cumprido nele, finalmente. Contudo, tinha o seu lugar determinado, a sua tarefa necessária, prevista e provida pelo Senhor, a fim de que o Reino do Céu pudesse, por fim, ser verdadeira e espiritualmente estabelecido, tanto no céu como na terra. Havia aí alguma coisa de eterna valia, de essencial e imortal valor para as idades seguintes, sem o que a perfeição pretendida nunca poderia ser alcançada. “Em verdade vos digo, que esta geração não passará, até que todas estas coisas aconteçam”.
As palavras do texto, em si mesmas, implicam em que “esta geração deve passar”. Há nelas uma profecia de que a Primeira Igreja Cristã devia chegar ao fim. E se este fim tinha sido preestabelecido pela Providência de Deus, se era Sua vontade que este estado de adolescência ou de juventude fosse apenas temporário, então, certamente, Ele tinha previsto em Sua Misericórdia, uma bênção mais completa, reservada para a raça, uma felicidade mais profunda e uma mais completa recepção da Vida Divina, para cuja realização o estado anterior era uma preparação necessária.
Devia vir uma Nova Igreja. Devia ser estabelecida, depois de passada a idade cristã, uma Religião Racional na qual as coisas armazenadas durante os estados de vida anteriores, atingiriam a plena frutificação. Daí deve resultar uma recepção adulta do Senhor (pela raça como um todo), para que o Reino de Deus possa se estabelecer para sempre nos corações dos homens — “um domínio que não passará, e um reino que não será destruído”. Tal, com efeito, é a Igreja que hoje está sendo estabelecida pelo Senhor, nesta Sua Segunda Vinda que Ele especificamente prometeu a Seus discípulos, e em cuja confiante expectativa todo o mundo cristão tem vivido desde a fundação da Igreja. E com esta vinda, com o começo desta Nova Igreja, abre-se para a raça humana uma outra era, levanta-se uma outra “geração”, de que o cristianismo tem sido uma inevitável e vital preparação.
Agora o Macro-Homo é introduzido em plena maturidade para receber a Vida Divina com a percepção completa e um entendimento racional. E deste fato decorre que aqueles que entram nesta Igreja devem preparar-se para assumir as necessárias responsabilidades que a sua liberdade espiritual impõe. Devem preparar-se para dirigir as ações de sua vida espiritual segundo o conhecimento e entendimento individual das verdades da Nova Igreja. Devem dirigir-se ao Senhor diretamente, como Ele Se revelou aos Escritos da Igreja, e procurar entender as Suas leis e os Seus mandamentos para aplicá-los em suas próprias vidas.
Daí provém uma liberdade até então desconhecida. Mas é uma liberdade que só pode ser compreendida no grau em que os homens se tornarem verdadeiramente racionais nas coisas espirituais, para que possam governar-se pela luz e o poder da Divina Verdade, agora manifestada na Doutrina Celeste, e assim afastadas as restrições externas, virem se colocar sob a imediata direção do próprio Senhor, presente em Seu Humano Glorificado para redimir e salvar.
Somente deste modo podem vir os efeitos de que se fala no Apocalipse, quando o julgamento tivesse sido finalmente realizado, e “o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo tornaram-se o Reino de nosso Senhor e de Seu Cristo; e Ele reinará para todo o sempre” (Apoc. 11,15). A esses serão aplicadas as palavras do Senhor que constam no versículo 7 do capítulo 21 do mesmo Apocalipse: “Quem vencer herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus e ele será meu filho”.
Amém.

•   1ª Lição:     Daniel 7, 1-14
•   2ª Lição:     Marcos 13, 14-37
•   3ª Lição:     Apocalipse 21, 1-7
•   4ª Lição:     V. R. C. 109