A DIVINA REVELAÇÃO


Sermão pelo Rev. Charles E. Doering


“Revelação de Jesus Cristo”.

(Apoc. 1, 1)

O Apocalipse, desde que foi escrito, tem sido o enigma da Igreja Cristã. De tempos em tempos, tem se tentado interpretá-lo como se ele se referisse a estados, condições e pessoas naturais. Algumas vezes essas interpretações se aplicam também aos negócios dos países, misturando-os ao mesmo tempo com assuntos eclesiásticos. A sua verdadeira importante e significação, porém, continua sendo desconhecida, porque se ignora o sentido espiritual da Palavra. Esse sentido só podia ser dado pelo Senhor, e foi revelado nos Escritos teológicos de Emanuel Swedenborg, destinados ao estabelecimento da Nova Igreja (vide Prefácio do livro Apocalipse Revelado).
Os Evangelhos, além de falar do nascimento, da vida, dos ensinamentos e da glorificação do Senhor, também descrevem o progressivo declínio da Primeira Igreja Cristã e predizem o seu fim, como se vê em Mateus, onde se diz que, tendo os discípulos perguntado ao Senhor quando seria o fim do mundo e qual seria o sinal de Sua Vinda, Ele respondeu: “E logo depois daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará o seu resplendor, e as estrelas cairão do céu, e as potências do céu serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem... e verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mateus 24, 29-30).
Isto significa que, quando não houver mais amor ao Senhor, nem caridade para com o próximo, nem conhecimento da verdade genuína, então o Senhor virá na verdade, isto é, na Palavra; o que é representado pela Sua “vinda nas nuvens do céu com poder e grande glória”. Trata-se, pois, de Sua vinda na revelação do sentido espiritual da Palavra; sentido em que reside a sua verdadeira importante e faz com que ela seja Divina.
Outra referência ao fim da Igreja Cristã se encontra no último capítulo do Evangelho de João, onde se diz que Pedro, depois do Senhor lhe ter dito que O seguisse, viu o discípulo João seguindo-O também, e perguntou o que seria dele, recebendo a seguinte resposta: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu” (João 21,22). Depois, o Livro da Revelação, ou Apocalipse, descreve em linguagem simbólica os acontecimentos espirituais que deveriam se realizar quando o Senhor fizesse a Sua Segunda Vinda — época em que seria rejeitado pelos que são representados por Pedro, mas seguido pelos que são representados por João. Pois Pedro representa, aqui, aqueles que estão na fé separada da caridade, e que desprezam os que estão na caridade, representados por João, os quais recebem o Senhor quando Ele vem. Por causa desta representação de Pedro e de João, o primeiro foi repreendido pelo Senhor naquela passagem. E depois dessa repreensão encontramos a profecia do Apocalipse.
Espiritualmente, o Apocalipse não descreve o declínio progressivo da Igreja Cristã, mas trata do Senhor Jesus Cristo — o Deus do céu e da terra — que fez a Sua Segunda Vinda no fim dessa Igreja, revelando o sentido espiritual de Sua Palavra, com que executou o julgamento sobre a Igreja devastada, e estabeleceu uma Nova Igreja nos céus. Por meio deste céu está sendo estabelecida, também, uma Nova Igreja na terra, descrita simbolicamente pela descida da Santa Cidade, a Nova Jerusalém. Assim, o Apocalipse predisse a revelação do Divino Humano do Senhor de modo que agora Ele pode ser racional e espiritualmente visto pelos homens que não O podiam ver assim antes. Ele predisse a “Revelação de Jesus Cristo glorificado.
A palavra inicial — Apocalipse — foi traduzida por Revelação. E essa palavra contém, por assim dizer, uma súmula de tudo que segue. Pois toda revelação do Senhor é Sua Vinda. E Sua Vinda envolve a ordenação dos céus, a separação dos maus dentre os bons, e o estabelecimento de uma Nova Igreja, primeiro no mundo espiritual e depois no mundo natural. Assim acontece com cada nova Igreja, e com cada homem da Igreja, que se torna uma Igreja na forma mínima. Nisso está a diferença entre uma Igreja e uma seita.
A Revelação é uma manifestação do Senhor aos seres humanos. Por meio dela, Deus — o Infinito e Eterno — entra em contato com os homens finitos; é assim o meio pelo qual o homem entra em conjunção com o céu. Como o fim da criação é tornar o homem um habitante do céu, o Senhor, em Sua misericórdia, tem provido sempre o meio de salvação, que é uma revelação de Si Mesmo ou a Sua Palavra. Pois o que o Senhor revela constitui a Palavra, e é o único meio pelo qual o homem pode conhecer alguma coisa a respeito de Deus, da vida eterna e de como viver para alcançar essa vida.
Nenhuma ciência ou conhecimento natural pode lhe ensinar isso. O homem não pode aprender por si mesmo qualquer dessas coisas. Pode aprender muitos conhecimentos das coisas naturais, por si mesmo, pode pô-los em ordem e descobrir muitas das leis que atuam na natureza; mas só pode aprender o que se refere ao Senhor, ao caminho para a vida eterna, e ao céu e ao inferno, pela revelação do Senhor unicamente. E o Senhor, em Sua misericórdia, sempre tem provido isso de uma maneira apropriada à época e ao estado dos homens; às vezes por meio de representações, outras vezes por parábolas, mas agora abertamente em uma linguagem racional e científica.
A história da raça humana nos mostra que os homens diferem de uma época para outra. E de acordo com essas diferenças tem variado também a revelação da Divina Verdade do Senhor, mas sempre acomodada e adaptada ao caráter deles; sendo, por conseguinte, diferente em uma época do que foi em outra. Também, por causa de Sua Infinidade, que é incompreensível para as mentes finitas, o Senhor tem sempre agido por meio de instrumentos escolhidos em inteira correspondência com o estado da vida humana — instrumentos que eram submetidos à Sua Divina operação. Nisso vemos a aplicação universal de uma lei da ordem Divina, segundo a qual o Senhor age sempre.
Assim, na Idade de Ouro, quando os homens viviam no amor ao Senhor e no amor mútuo, eles recebiam uma revelação imediata, pela comunicação com os anjos. As suas mentes estavam abertas ao influxo do céu, que lhes dava a percepção. Quando este estado declinou e os homens, em vez de celestes, passaram a ter um caráter espiritual, tendo perdido a percepção celestial e não podendo, por isso, ser mais alcançados pelas leis celestiais. Então o Senhor proveu o espírito de cada homem, através entendimento, com a doutrina coligida das revelações feitas à Antiqüíssima Igreja — doutrinas coletadas por homens que gostavam de fazer essas coisas, e que eram do mesmo caráter geral que os homens daquela idade, quando estava se aproximando de seu declínio ou de sua consumação.
Isto é significado pelas palavras: “E Enoque não estava mais, porquanto Deus para Si o tomou” (Gênesis 5, 24). Enoque representa aqueles que coletavam as doutrinas. Estas doutrinas, ou Palavra, eram doutrinas do amor ao Senhor e da caridade para com o próximo, expressas em linguagem de correspondências e representações. Por isso o seu culto era feito por meio de representativos.
Desta forma foi a Palavra da Antiga Igreja escrita por correspondências. Foi escrita na maneira de falar e de escrever dos homens daquela época ou idade. E os homens estudavam esta Palavra, e por ela aprendiam as coisas celestes e as da vida eterna. As verdades aprendidas constituíam o meio de se tornarem sábios. Os Escritos nos dizem que o prazer de sua vida era estudar essas coisas, pois nestas correspondências e representações, aprendidas com amor, e por causa do que elas representavam, o céu influía neles. A luz do céu iluminava seus entendimentos de modo que podia pensar a respeito das coisas celestes em correspondência com as coisas naturais que viam, e desse modo eram ilustrados quanto à significação espiritual dos ritos representativos e das cerimônias que usavam em seu culto.
Mas no decorrer do tempo esta Igreja também decaiu e chegou ao fim. Uma terceira sucedeu-a, surgindo entre os filhos de Israel. Nesta a revelação se fez através de instrumentos humanos em estado semelhante ao dos homens daquela época. Assim Moisés, embora tivesse sido instruído na sabedoria dos egípcios, teve que aprender primeiro, o nome de Deus de seus pais, antes de poder se tornar o guia e o legislador dos filhos de Israel. A Palavra diz a seu respeito, quando ele estava diante da sarça ardente, o seguinte:
“Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós, e eles me disserem: ‘Qual é o teu nome?’, que lhes direi? E disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó, me enviou a vós: este é o meu nome eternamente, e este é o meu memorial de geração em geração”. (Êxodo, 3, 13-15)
Semelhantemente, os profetas eram pessoas cuja inspiração provinha do influxo do Senhor, pelo qual Ele tomava posse de sua mente, com sua memória e suas faculdades, para proferir, por seu intermédio, as Divinas Verdades na forma sensual, de cuja significação espiritual eles não tinham qualquer idéia. Esta significação era, porém, compreendida pelos anjos.
Assim como os profetas não conheciam a significação real das verdades que proferiam, também o povo não a compreendia; mas enquanto eles obedeciam externamente os mandamentos da Igreja, e cumpriam todos os ritos e cerimônias de uma maneira santa, de acordo com os mandamentos, podia haver uma comunicação com o céu. O seu culto pantomímico servia como um plano onde os bons espíritos podiam estar presentes, e através deles os céus podiam influir e repousar entre os homens sobre a terra. Mas quando as tradições tomaram o lugar da Palavra de Deus, e suas formas de culto foram corrompidas, então a comunicação com o céu não foi mais possível, e o Senhor, que é a Palavra mesma, veio em Pessoa para estabelecer a Igreja Cristã.
Quando Ele fez isso, apareceu como um homem, como um judeu, nascido da raça de Davi que, embora representativamente fosse a mais elevada, era moralmente a mais baixa de todas as famílias daquele povo inferior e sensual. Embora a glorificação do Humano no Senhor começasse no nascimento, e continuasse através da meninice e da juventude até a maturidade, entretanto, os combates finais pelos quais Ele rejeitou o hereditário da mãe e completou a glorificação, só se realizaram depois que começou a pregar e a ensinar a doutrina da Igreja Cristã que Ele tinha vindo inaugurar. Este trabalho progrediu simultaneamente com a enunciação da Palavra de Divina Verdade.
Assim, em Seu Advento, o Senhor veio no estado em que estavam os homens na época de Sua Vinda. Ele realizou a Sua Infinidade para atingir o homem decaído. Pôs sobre Si a natureza dos homens finitos. “Ele inclinou os céus e desceu”. E, como um homem, tomou sobre Si aquele estado, até o fim, para que pudesse se tornar visível aos homens, e também, com o propósito de libertá-los do poder do mal, que os mantinha em escravidão, e de ensinar-lhes a verdade e guiá-los para o bem e para o céu. A Sua obra Divina de libertação foi efetuada no Humano assumido por Ele, e a Sua obra Divina de ensino e direção foi efetuada no mesmo Humano em que Ele estava presente e acomodado aos mais baixos e aos mais elevados estados dos homens e dos anjos.
E os apóstolos, por cuja instrumentalidade a Igreja Cristã recebeu forma e existência como Igreja, e que escreveram os Evangelhos e o Apocalipse, eram homens do mesmo caráter do resto do povo de onde foram escolhidos, em parte pela natureza representativa de sua ocupação anterior, e em parte por sua mentalidade apropriada para a missão a que eram chamados. E cada um deles proclamou o Evangelho de acordo com a sua capacidade, como se vê nos Escritos: “O Senhor encheu-os a todos com Seu espírito, mas cada um tomou uma porção acorde com sua disposição peculiar, e utilizou-o de acordo com sua força e poder”. (V. R. C. 154)
Na doação de todas estas revelações e na vinda do Senhor em Pessoa, notamos que a lei operativa, isto é, a Lei da Divina Acomodação, foi a mesma para todas; e daí concluímos que essa Lei operou igualmente na instrumentalidade empregada para dar ao mundo a última e coroada revelação da Divina Verdade em Sua Segunda Vinda — Vinda que está predita no Apocalipse. Na Verdadeira Religião Cristã se diz que esta instrumentalidade foi
“a de um homem diante de quem o Senhor manifestou-Se em Pessoa, e a quem encheu com Seu Espírito para ensinar as doutrinas da Nova Igreja através de Sua Palavra”. Sendo depois acrescentado na mesma obra: “Desde que o Senhor não pode Se manifestar em Pessoa, e entretanto predisse que viria estabelecer uma Nova Igreja, que é a Nova Jerusalém, segue-se que Ele deve fazer isso por meio de um homem, que seja capaz não somente de receber as Doutrinas desta Igreja com seu entendimento, mas também publicá-las por meio da imprensa” (V. R. C. 779).
O que ele assim publicou é a “revelação de Jesus Cristo” predita em nosso texto; pois encontramos no Apocalipse Revelado, no 2, o seguinte: “...que estas palavras significam as predições do Senhor concernentes a Ele Mesmo e concernentes à Sua Igreja, a que está no seu fim, e a que virá depois, tanto nos céus como nas terras”. Elas são, pois, uma profecia do Senhor em Sua Segunda Vinda ou Seu Segundo Advento. E neste Segundo Advento, que é espiritual, feito em acomodação ao estado da mente humana naquela época do mundo, Ele corporificou a Divina Verdade de Seu Divino Bem, ou Seu Divino Humano, em formas de pensamento e conhecimento racionais, como se achavam contidas na mente de Swedenborg. Não em forma de representações ou de parábolas, mas abertamente. Isto foi feito a fim de que o Senhor ou, o que é o mesmo, a Sua Palavra ou Divina Verdade, pudesse ser racional e cientificamente conhecida e compreendida. Para que esta Palavra que se tinha tornado um objeto de fé científica no natural, no estado consumado da Igreja Cristã, pudesse nos levar a uma recepção e a um reconhecimento racionais d’Ele Mesmo com a “Palavra que estava com Deus e que era Deus”.
Vemos assim que a lei da Divina Acomodação em todo o ciclo das idades tem sido sempre a mesma; isto é, o Divino faz uso de instrumentalidades finitas da época e do caráter do povo em que essa instrumentalidade deve atuar; pois de nenhum outro modo poderia o Senhor vir ao homem, porque, como se vê nos Arcanos Celestes, no 8760 “O que é Infinito não pode ser conjunto com o finito a não ser tomando alguma coisa finita, e desse modo acomodando-se para a recepção”; e ainda, no no 3362:
“As Verdades Divinas Essenciais são tais que não podem ser compreendidas por nenhum anjo, ainda menos por nenhum homem, visto como excedem toda faculdade de entender tanto dos homens como dos anjos; para que possa haver conjunção com o Senhor, portanto, as Divinas verdades fluem neles em aparências, e quando as Divinas verdades estão em tais aparências elas podem ser recebidas e reconhecidas. Isto é efetuado de uma maneira adequada à compreensão de cada um”.
Notemos, entretanto, que ao revestir-se do que é finito, a Divina Verdade do Senhor, fluindo em um homem para utilizá-lo como instrumento, usa os conhecimentos de sua mente, sem que isso afete a Divindade da Palavra do Senhor, quaisquer que sejam as formas em que se apresente.
A doutrina dada no no 5689 dos Arcanos Celestes sobre este ponto é a seguinte: “Aquilo que procede de uma coisa tira sua essência da coisa de que procede, mas se reveste daquilo que serve à comunicação, assim ao uso na esfera inferior, a fim de que o interno de que procede possa agir na esfera inferior por essas coisas que aí estão”.
Vemos aqui que o interno dá a essência e a qualidade ao externo, e que é a vida e a alma do externo, e age por meio dele. Conseqüentemente, é o interno da Palavra, agindo por meio do externo, que é eficaz para a salvação, como diz a Escritura: “É o espírito que vivifica, a carne para nada presta”.
Outro ensinamento sobre este assunto está contido no no de Apocalipse Revelado lido como 3ª lição: “Todo pensamento, toda palavra e toda escrita deriva sua essência e vida daquele que pensa, fala e escreve; o homem, com tudo o que ele é, está aí; mas na Palavra o Senhor somente está” (A. R. 200). Isto é, em toda Revelação a vontade do Senhor, o Seu Divino Amor e sua Divina Sabedoria, tomaram uma cobertura na mente de um homem, a fim de que Seu Amor pudesse ser percebido e Sua Verdade vista e, desse modo, pudesse se tornar eficiente na salvação do homem.
Isto também acontece nos Escritos, pois vemos na pequena obra sobre “Os milagres”, onde Swedenborg fala a respeito da inspiração que lhe foi concedida, o seguinte: “Fui elevado quanto ao meu entendimento, mas não quanto à minha vontade”. Isto é, o Senhor usou o seu entendimento para vestir as Divinas Verdades na linguagem espiritual racional, a fim de revelar-Se em Seu Divino Humano de modo que os homens pudessem ter uma visão espiritual interior d’Ele como Homem Divino, que é “o Primeiro, e o Último, o Alfa e o Ômega”, operando agora mediata e imediatamente, para conduzir o homem para Ele no céu. Isto constitui a essência do tema do Apocalipse visto espiritualmente. Esta visão interior do Senhor em Seu Humano Glorificado não podia ser dada à raça humana quando Ele estava na terra e nem mesmo quando o Apocalipse foi escrito a não ser de modo obscuro.
É verdade que a Pedro, Tiago e João foi dado um vislumbre desta visão no monte da transfiguração. É verdade também que o Senhor ressuscitado apareceu em Seu Humano aos apóstolos e a outras pessoas, quando seus olhos espirituais estavam abertos; mas nessas ocasiões havia na mente dos que O viram uma idéia natural e material do Seu Humano, e esta idéia predominou na primeira Igreja Cristã, até destruir toda a verdade essencial concernente à Divindade do Senhor Jesus Cristo. Por isso o Apocalipse faz predição de uma nova Revelação do Senhor, predição de que a verdade de Seu Divino Humano Glorificado seria abertamente manifestada. Esta profecia foi feita a fim de que as mentes dos homens e dos anjos pudessem ser espiritualmente preparadas para a Sua Segunda Vinda.
A palavra Apocalipse ou Revelação significa um desvendamento ou uma descoberta daquilo que estava oculto ou escondido; ou seja, é o Senhor Jesus Cristo desvendando, descobrindo ou manifestando Ele Mesmo aos homens para que pudesse ser visto, aproximado e adorado. Mas para fazer isso, foi necessário, como em toda acomodação Divina de Sua Palavra, escolher um instrumento finito pelo qual a verdade pudesse ser acomodada de modo a alcançar a compreensão racional dos homens. Ele não podia vir outra vez em Pessoa. Já tinha feito isso, e o que o Divino faz uma vez, fica feito para sempre. Conseqüentemente, Ele fez uso de um instrumento ou de um agente cuja mente foi plenamente preparada pelas ciências naturais de modo que fosse possível receber em seu entendimento, e apresentar ao mundo, as verdades recebidas por inspiração do Senhor quando lia a Palavra.
Esta revelação da Divina Verdade dirigida à mente racional do homem, como todas as revelações anteriores, é do Senhor somente, e por isso se diz: “Revelação de Jesus Cristo” (falar dela como sendo de Swedenborg é falar segunda as aparências e não segundo a realidade).
O nome Jesus Cristo é usado porque esse foi o nome do Senhor quando Ele estava na terra; e, por este nome todo o mundo cristão sabe que é o Senhor Mesmo em Seu Divino Humano que Se manifesta ou dá esta revelação.
O nome exprime a qualidade da pessoa. O nome Jesus Cristo exprime a qualidade do Senhor como Divino Bem e Divina Verdade. A união Divina destes dois elementos é representada pelos nomes usados juntos. A palavra Jesus significa “Salvador”, e Cristo significa “ungido” — Messias, o Rei. Assim, “pelo nome Jesus Cristo são significadas todas as coisas da redenção, e todas as coisas de Sua Doutrina e, portanto, da salvação; por Jesus, todas as coisas da salvação por meio da redenção; e por Cristo, todas as coisas da salvação por meio de Sua Doutrina” (V. R. C. 298).
Por isso é o Senhor Jesus Cristo em Seu Humano Glorificado que agora Se revela em Sua Doutrina Divina, que é a Palavra de Sua Nova Igreja; e Ele Se revela como o Homem Divino para todos aqueles que têm ouvidos para ouvir, isto é, que ouvem e obedecem à Sua Palavra, o que é expresso pelas palavras que seguem imediatamente o texto: “a qual Deus lhe deu, para mostrar a Seus servos”.
Bem-aventurados são aqueles cujas mentes e corações estão prontos para recebê-l’O em Sua Vinda.
Amém.

•   1ª Lição:     Números 23, 1-13
•   2ª Lição:     João 1, 1-18
•   3ª Lição:     A. R. 200